A economia do Japão é agora a quarta maior do mundo. Após retração registrada no último trimestre de 2023, o país perdeu uma posição, ficando atrás da Alemanha. O governo japonês informou que a economia encolheu a uma taxa anual de 0,4% entre outubro e dezembro, de acordo com dados sobre o PIB real divulgados nesta quinta-feira, 15, embora tenha crescido 1,9% em todo o ano de 2023. A economia contraiu 2,9% entre julho e setembro. Dois trimestres consecutivos de contração são considerados um indicador de que a economia está em recessão técnica.
Até 2010, era a segunda maior do mundo, quando foi ultrapassada pela da China. O PIB nominal do Japão totalizou US$ 4,2 trilhões no ano passado, enquanto o da Alemanha foi de US$ 4,4 trilhões, ou US$ 4,5 trilhões, dependendo da conversão cambial.
Um iene japonês mais fraco foi um fator-chave na queda para o quarto lugar, uma vez que as comparações do PIB nominal são feitas em dólares. Mas a relativa fraqueza do Japão também reflete um declínio na sua população e um atraso na produtividade e na competitividade, dizem os economistas.
O Produto Interno Bruto real é uma medida do valor dos produtos e serviços de uma nação. A taxa anual mede o que teria acontecido se a taxa trimestral durasse um ano.
O Japão foi historicamente apresentado como "um milagre econômico", renascendo das cinzas da 2.ª Guerra para se tornar a segunda maior economia depois dos Estados Unidos. O processo continuou durante as décadas de 1970 e 1980. Mas, durante a maior parte dos últimos 30 anos, a economia cresceu apenas moderadamente, permanecendo principalmente na estagnação após o colapso da sua bolha financeira ter começado, em 1990.
Tanto a economia japonesa como a alemã são alimentadas por um forte de segmento de pequenas e médias empresas, com uma produtividade sólida. Tal como o Japão entre as décadas de 1960 e 1980, durante a maior parte deste século a Alemanha avançou, dominando os mercados globais de produtos de alta qualidade, como automóveis de luxo e maquinaria industrial. Com isso, metade de sua economia passou a depender das exportações. Mas o país europeu ficou entre os que tiveram o pior desempenho mundial no ano passado. Ele também contraiu no último trimestre, em 0,3%.
Envelhecimento
Sendo uma nação insular com relativamente poucos residentes estrangeiros, a população do Japão tem diminuído e envelhecido há anos, enquanto a da Alemanha cresceu para quase 85 milhões, à medida que a imigração ajudou a compensar a baixa taxa de natalidade.
Os dados mais recentes refletem a realidade do enfraquecimento do Japão e provavelmente resultarão em uma menor presença do país no mundo, disse Tetsuji Okazaki, professor de economia na Universidade de Tóquio. "Há vários anos, o Japão ostentava um poderoso setor automobilístico, por exemplo. Mas, com o advento dos veículos elétricos, até essa vantagem fica abalada", afirmou. Muitos fatores ainda não foram definidos, "mas, quando olhamos para as próximas décadas, as perspectivas para o Japão são sombrias".
A lacuna entre os países desenvolvidos e as nações emergentes está diminuindo, sendo provável que a Índia ultrapasse o Japão em termos de PIB nominal dentro de alguns anos.
Os EUA continuam a ser a maior economia do mundo com larga margem, com um PIB de US$ 27,94 trilhões em 2023, enquanto o da China foi de US$ 17,5 trilhões. O da Índia é de cerca de US$ 3,7 trilhões, mas cresce a uma taxa de cerca de 7%.
No ano passado, o Brasil superou o Canadá e assumiu a nona posição, com PIB estimado de US$ 2,13 trilhões, ligeiramente superior aos US$ 2,12 bilhões do país da América do Norte.
Estrangeiros
A imigração é uma opção para resolver o problema da escassez de mão de obra no Japão, mas o país tem sido relativamente reticente à presença de trabalhadores estrangeiros, exceto para estadias temporárias, gerando críticas sobre a discriminação e a falta de diversidade.
A robótica, outra opção, está gradualmente sendo implantada, mas não a ponto de poder compensar totalmente a falta de trabalhadores.
Outro fator-chave por trás do crescimento lento do Japão é a estagnação dos salários, que deixou as famílias relutantes em gastar. Ao mesmo tempo, as empresas têm investido fortemente em economias estrangeiras de crescimento mais rápido, em vez da opção pelo mercado interno envelhecido e em contração.
O consumo privado caiu durante três trimestres consecutivos no ano passado e "o crescimento deverá permanecer lento neste ano, uma vez que a taxa de poupança das famílias se tornou negativa", diz Marcel Thieliant, da Capital Economics. "Nossa previsão é que o crescimento do PIB desacelere de 1,9% em 2023 para cerca de 0,5% neste ano."
Reino Unido
Outra potência mundial, o Reino Unido também registrou retração no final do ano passado. A economia - a sexta no ranking mundial - entrou em recessão técnica entre outubro e dezembro, encolhendo 0,3% em relação ao trimestre anterior. A queda trimestral seguiu uma queda de 0,1% no período de três meses anterior.
As informações são do jornalO Estado de S. Paulo.