A propensão dos brasileiros ao consumo voltou a aumentar em agosto, impulsionada pelo freio na inflação no País, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) cresceu 1,4% em relação a julho, descontados os efeitos sazonais, para 101,1 pontos, o maior patamar desde abril de 2015, quando havia alcançado 102,9 pontos.
O indicador retornou à zona de otimismo, acima dos 100 pontos, pela primeira vez em mais de oito anos, frisou a CNC. Em relação a agosto de 2022, o ICF subiu 23,1% em agosto de 2023.
Segundo a entidade, a pesquisa sinaliza uma retomada plena do otimismo das famílias em relação às suas perspectivas de consumo, com todos os subitens mostrando tendência de recuperação.
"Os resultados apontam um crescimento consistente da intenção de consumo desde janeiro de 2022, quando o índice voltou aos níveis anteriores à pandemia de covid-19, de 99,3 pontos", observou a CNC, em nota.
Na passagem de julho para agosto, seis dos sete componentes do ICF registraram avanços: emprego atual (alta de 1,1%, para 125,0 pontos), renda atual (1,0%, para 118,7 pontos), nível de consumo atual (1,8%, para 85,6 pontos), perspectiva de consumo (0,7%, para 105,1 pontos), acesso ao crédito (2,2%, para 91,5 pontos) e momento para aquisição de bens duráveis (3,4%, para 63,4 pontos). O único componente com recuo foi o de perspectiva profissional (-0,2%, para 118,1 pontos).
"A inflação corrente caindo mais do que o esperado tem deixado os consumidores mais dispostos a consumir. Em julho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou uma inflação anual aproximadamente quatro vezes menor do que há um ano. Além disso, o consumidor sente maior segurança no emprego, com o mercado de trabalho apresentando alta nas contratações formais, mesmo que em menor intensidade", ressalta a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC, no relatório do indicador.
E ponderou: "Embora otimistas e com juros de mercado desacelerando, o endividamento ainda em nível elevado limita a capacidade de consumo e os efeitos benéficos da maior renda disponível. Tanto que 40 em cada 100 consumidores ainda indicam que estão comprando menos do que há um ano. Nesse contexto, as vendas no varejo têm demonstrado dificuldade de sustentar crescimento de forma uniforme entre os segmentos."
No recorte por gênero, a pesquisa mostrou melhora na propensão às compras tanto entre os homens quanto entre as mulheres. A intenção de consumo dos homens subiu de 100,6 pontos em julho para 102,2 pontos em agosto, na zona de otimismo, enquanto a das mulheres cresceu de 97,9 pontos para 99,7 pontos, ainda no campo negativo (abaixo de 100 pontos), apesar do avanço.
"Do total de consumidoras, 41,2% apontam que estão mais seguras no emprego atualmente, e 10,6% afirmaram estar desempregadas. Entre os homens, 43,5% afirmam estar mais seguros no trabalho, e somente 7,8% apontam desocupação", completou a CNC.