Inflação segue alta, com componentes mais sensíveis ao ciclo acima do intervalo da meta, diz BC

Autor: Thaís Barcellos e Antonio Temóteo (via Agência Estado),
terça-feira, 09/05/2023

Os diretores do Banco Central (BC) avaliaram na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) a inflação ao consumidor continua elevada. Além disso, eles destacaram componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que apresentam maior inércia inflacionária, mantêm-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação.

"As expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se marginalmente e encontram-se em torno de 6,1% e 4,2%, respectivamente", informaram os diretores do BC, na ata do encontro, divulgada na manhã desta terça-feira, 9.

Projeções

A ata ainda indicou que a projeção para o IPCA de 2024, ano em que o BC trabalha para alcançar a convergência da inflação para a meta, está em 3,6% no cenário de referência. Para 2023, a projeção para o IPCA está em 5,8%.

Todas as estimativas já constavam no comunicado da semana passada, quando o Copom manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 13,75% ao ano pela sexta vez seguida. O BC manteve as estimativas ante a reunião anterior, de março.

A projeção do BC para o IPCA de 2023 está acima do limite de tolerância da meta, de 4,75%, indicando três anos consecutivos de descumprimento do BC de seu mandato principal, após 2021 e 2022. Para 2024, a projeção do BC supera o centro da meta de 3,0%, mas ainda fica dentro da banda, que vai até 4,50%.

O cenário de referência pressupõe a taxa de juros variando de acordo com a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 5,05 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Além disso, a premissa é de que o barril de petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado pelos próximos seis meses e sobe a 2% ao ano na sequência.

No comunicado e na ata, o BC indica que a estratégia é a convergência da inflação para o "redor da meta ao longo do horizonte relevante", que prevê agora só o ano de 2024. O BC ainda repete que segue vigilante avaliando se a manutenção da Selic por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. Mas indicou que o cenário de retomada de alta de juros é menos provável, ainda que garanta que não vai hesitar em adotar esse caminho caso a desinflação não ocorra como o esperado.

Cenário alternativo

A ata do último encontro do Copom repetiu, assim como no comunicado, um cenário alternativo para a projeção de inflação, que considera que a taxa Selic fica estável em 13,75% ao ano por todo o horizonte relevante, até o fim de 2024.

Para o ano que vem, a projeção no cenário alternativo fica em 2,9%, abaixo do centro da meta (3,0%). A estimativa do BC para 2023 neste cenário é de 5,7%, ainda bem acima do teto da meta (4,75%), indicando três anos consecutivos de descumprimento do BC de seu mandato principal, após 2021 e 2022. Na ata anterior, as projeções no cenário alternativo eram de 5,7% e 3,0% para 2023 e 2024.