O Ibovespa acelerou o ritmo de alta, renovando máxima e mirando a marca dos 119 mil pontos, e já zerando a queda semanal (subia 0,61% perto das 11h), em reação à aprovação da reforma tributária na Câmara. O indicador sobe, a despeito do recuo - diga-se de passagem, moderado - da maioria das bolsas americanas. Por lá, segue o temor de alta dos juros nos Estados Unidos em julho sugerida em alguns números do payroll de junho, após manutenção das taxas no mês passado.
Já o dólar caía mais de 1%, a R$ 4,8735, enquanto os juros futuros mantinham viés de queda, apesar da valorização dos rendimentos dos Treasuries.
Segundo Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos, a menor geração de 209 mil vagas de emprego em relação ao esperado (225 mil) nos EUA atenua um pouco a preocupação reforçada ontem na pesquisa ADP, com crescimento forte em criação no setor privado, depois da ata do Fed, na quarta. Naquele dia, o documento sugeriu aumento dos juros do país este mês, após manutenção em junho.
"O payroll veio um pouco abaixo em termos de criação de vaga e em linha em relação à taxa de desemprego 3,6%. Acredito que o mercado está respondendo positivamente porque veio diferente do ADP ontem. Se a correlação fosse muito alta, teríamos um payroll mais forte do dado divulgado", avalia Takeo. Às 11h, apenas o Dow Jones caía 9
Ainda assim, o relatório do mercado de trabalho norte-americano mostrou aumento no salário médio por hora trabalhada, o que reforça a ideia de mais inflação. "Acredito que o dado atenue um pouco a possibilidade de uma segunda alta dos juros americanos. Porém, em relação à próxima reunião, neste mês, imagino ser difícil mudar a aposta de aumento de 0,25 ponto porcentual", pondera.
Apesar da fraqueza em Wall Street, o Índice Bovespa sobe em reação à aprovação do texto-base da reforma tributária pela Câmara dos Deputados, nesta madrugada, matéria discutida há mais de 30 anos. "Tudo o que simplifica e traz competitividade, é bom", define a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.
A expectativa é de que com o texto aprovado na Câmara, o sentimento em relação ao Brasil melhore mais, principalmente do investidor estrangeiro. A aprovação em segundo turno contou com 375 votos a 113 a favor da PEC e três abstenções. Em primeiro turno, foram 382 favoráveis e 118 votos contrários. Eram necessários 308 votos para a aprovação da proposta. Finalizada essa etapa, o texto vai à análise do Senado.
O texto aprovado na Câmara cria o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substituirá o ICMS estadual e o ISS municipal, e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que ficará no lugar de tributos federais, como o PIS e a Cofins. Ainda hoje serão votados os destaques (quatro) em segundo turno. Em seguida, o projeto segue para o Senado.
Segundo o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, a aprovação do texto-base da reforma tributária é muito bem recebida pelo mercado. "Foi uma votação forte. Claro que ainda há muito a se entender, mas no longo prazo é muito positivo para o Brasil, para o investidor estrangeiro, principalmente", afirma, em comentário matinal.
Como reforça a economista-chefe do TC, Marianna Costa, a aprovação é "muito positiva" para o País no médio e longo prazos. Segundo ela, a aprovação traz uma simplificação do sistema tributário que tende a dar maior agilidade à economia. Porém, no curto prazo, pondera que os efeitos podem ser limitados, dado que será preciso aguardar a efetividade da reforma. De todo modo, avalia a notícia como positiva.
"Houve boa articulação política do governo ao fazer com que uma matéria tão importante fosse aprovada", analisa Marianna. "Ainda há dúvidas em relação a como serão as alíquotas, quais setores terão mais impactos positivos e quais sofrerão mais."
A aprovação ocorreu antes da votação do projeto de lei que retoma o chamado "voto de qualidade" no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que era tido como prioridade. A expectativa é de que isso aconteça ainda hoje. Segundo Helena, da B.Side, essa votação não pode atrasar tanto para não gerar estresse, preocupação, novos ruídos.
"Questões mais delicadas como o Carf seria importante aprovarem logo, neste segundo semestre. Se o Carf ficar para agosto, não preocupa", afirma a economista da B.Side.
"Agora, o mercado está olhando a questão do Carf, cuja votação só tende a acontecer em agosto, embora o Haddad tenha falado que o projeto pode ser votado ainda hoje", diz, Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management.
Às 11h09 desta sexta-feira, o Ibovespa subia 1,08%, aos 118.696,82 pontos, após alta de 1,34%, com máxima aos 119.9003,44 pontos, ante mínima aos 117.426,95 pontos (variação zero).