O Ibovespa avança e volta a operar na marca dos 124 mil pontos nesta terça-feira, 17, apesar da queda de 1,00% do petróleo no exterior e o viés de baixa dos índices de ações norte-americanos. Os investidores avaliam a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada na manhã desta terça-feira. O documento, segundo analistas, manteve o tom duro da comunicação da decisão do colegiado na semana passada.
Na quarta-feira passada, a Selic foi elevada em um ponto porcentual e atingiu 12,25% ao ano. Além disso, o Banco Central indicou que dois novos aumentos dessa magnitude serão necessários, dado o quadro incerto especialmente no Brasil.
A comunicação da ata "mais dura" hoje e que continuará desta maneira à frente agrada ao mercado, pontua Pedro Moreira, sócio da One Investimentos.
Segundo ele, o cenário em 2025 será muito mais desafiador dadas as incertezas fiscais. "Temos de ver como esses temas vão se desenrolar no Congresso", diz.
Apesar da alta do Ibovespa, o dólar e os juros futuros também avançam. "É bem estranho esse comportamento, mas é importante olhar primeiro a ata do Copom. Havia duas coisas que o mercado esperava encontrar no documento: se realmente a decisão de alta de um ponto porcentual foi unânime e também quanto ao forward guidance - de mais dois aumentos deste nível. Isso trazia grande preocupação ao mercado que não saberia prever os próximos passos do Copom na nova gestão. Só que isso foi confirmado, alivia", avalia Moreira da One.
Para Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, a ata confirmou o tom duro do comunicado da semana passada ao aumentar o ritmo. Segundo ele, apesar de não ter sido enfatizado na decisão sobre juros na última quarta-feira a ata mostrou que a elevação foi decidida por todos os membros do colegiado. Conforme Moreira, da WMS Capital, caso se mantenha as projeções atuais, a Selic será elevada mais duas vezes de um ponto, indo a 14,25% ao ano. "O BC vai continuar com a postura mais dura e mais hawkish", estima.
Ainda para Beto Saadia, diretor de Investimentos da Nomos, a ata do Copom transmite a mensagem de uma decisão conjunta, ou seja, não abre espaço para eventuais divergências em relação à postura rígida do Banco Central. Isso, segundo avalia o diretor de Investimentos da Nomos, evita especulações no mercado sobre uma possível leniência com a meta de inflação durante o próximo mandato da autoridade monetária.
Na avaliação do estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, a sinalização de uma política monetária contracionista mesmo para o ano que vem, mostra empenho do Banco Central e dos diretores em conter a inflação e a preocupação com o cenário. "Traz a mensagem de que Galípolo não será conivente com a inflação", avalia, ao se referir ao futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além da ata, os mercados acompanham o impasse fiscal. "Os investidores ficam com um olho no padre e outro na missa", parafraseia Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil, em relatório matinal, ao indicar que os mercados estão à espera da decisão sobre juros nos Estados Unidos, amanhã, e atentos às questões fiscais no Brasil, em como será o "andamento disso."
Ontem, o líder do governo, Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que a PEC, o PLP e o PL do pacote fiscal precisam ser votados ainda neste ano, com a meta de aprovação na Câmara até amanhã.
Na segunda-feira, "Ibovespa perdeu a zona de suporte importante pouco abaixo dos 124 mil pontos e induziu fraqueza determinada pelo ajuste fiscal problemático", pontua Bandeira.
Às 11h25, o Ibovespa subia 0,43%, aos 124.126,23 pontos, ante elevação de 0,76%, na máxima a 124.493,92 pontos, depois de abrir em 123.560,06 pontos, com variação zero. As ações da Petrobrás avançavam entre 0,71% (PN) e 1,57% (ON), enquanto Vale tinha alta de 0,47%. Já os papéis de bancos migravam para o negativo em sua maioria.