Assim como o dólar, o Ibovespa manteve variação contida ao longo da tarde e conseguiu retomar a linha de 130 mil pontos, cedida no fechamento anterior pela primeira vez desde o começo de agosto. Nesta quinta-feira, 10, contou com o apoio não apenas de Petrobras (ON +1,67%, PN +1,16%) e de Vale (ON +0,48%) como também da maioria das ações de grandes bancos (Itaú PN +0,55%, Bradesco ON +0,84%) à exceção de BB (ON -0,87%). Ao fim, o índice da B3 mostrava ganho de 0,30% na sessão, aos 130.352,86 pontos, entre mínima de 129.835,42 e máxima de 130.418,47 nesta quinta-feira.
O giro financeiro se enfraqueceu na sessão, a R$ 17,2 bilhões. Na semana, o Ibovespa cai 1,09% e, no mês, cede 1,11%. No ano, recua 2,86%.
O prosseguimento das tensões entre Israel e Irã, no Oriente Médio, manteve os preços do petróleo sob pressão de alta nesta quinta-feira, reaproximando o barril do Brent, a referência global, do limiar de US$ 80.
Relatos de que Israel decidirá ainda nesta quinta sobre eventual ataque ao Irã, e de que os presidentes iraniano e da Rússia devem se reunir para discutir o conflito na região, sustentaram as cotações da commodity ao longo da sessão, em alta acima de 3,5% em Londres e Nova York.
Na ponta do Ibovespa, destaque nesta quinta para Cteep (+5,34%), Prio (+2,70%), Lojas Renner (+2,61%) e PetroReconcavo (+2,43%). No lado oposto, Azul (-5,99%), Carrefour (-2,71%), Klabin (-2,53%) e CSN (-2,47%). Em Nova York, os principais índices de ações fecharam em leve baixa, entre -0,05% (Nasdaq) e -0,21% (S&P 500).
Também na pauta desta quinta-feira, "os números de inflação em setembro nos Estados Unidos divulgados se mostraram mais pressionados do que o mercado antecipava. A leitura reforça a percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve manter cautela com relação ao ritmo de corte de juros, na ordem de 25 pontos-base, especialmente depois de um relatório de empregos também acima do esperado", diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas.
"A leitura acima do esperado para a inflação americana em setembro contribuía para apreciação adicional do dólar, que ontem já havia subido quase a R$ 5,59, no maior nível em quase um mês", diz Patrícia Krause, economista-chefe para América Latina da Coface, referindo-se à tendência de alta para a moeda americana frente ao real, pela manhã, quando foram divulgados os dados de inflação nos EUA. No fechamento o dólar se estabilizou, sem variação, a R$ 5,5870.
Em outro importante desdobramento do dia, o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, disse estar aberto a manter as taxas de juros nas próximas duas reuniões, em novembro e dezembro, caso os dados sugiram esta como a escolha adequada. Em entrevista a The Wall Street Journal nesta quinta-feira, ele observou ter apoiado "completamente" o corte de 50 pontos-base na mais recente reunião do Fed, em 18 de setembro, e que tal posição já não é mais apropriada.
Após os comentários de Bostic, o mercado voltou a ampliar, nesta tarde, a chance de manutenção dos juros pelo Fed em novembro, quando a instituição volta a deliberar sobre a política monetária. Segundo ferramenta de monitoramento do CME Group, ainda assim, a chance de redução dos juros em 25 pontos-base nesta reunião permanece majoritária.
A ferramenta do CME Group registrou um avanço na probabilidade de manutenção dos juros, de 11,6% para 17,8% no fim da tarde, depois de atingir um pico superior a 22%. Já para o fim do ano, a probabilidade de um único corte de 25 pontos-base subiu de 13,4%, no começo da tarde, para 18,8% no fim do dia.
Na agenda doméstica, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o governo apresentou quatro cenários com propostas para a reforma da renda ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que incluem a tributação mínima para milionários.
O ministro disse que os textos serão avaliados por Lula, que exige uma reforma neutra do ponto de vista arrecadatório. "Eu não tomo nenhuma pressão sobre esse assunto porque há alguns critérios que o presidente faz questão que a medida tenha", disse. Além da neutralidade de arrecadação, outro objetivo é seguir os passos dados na reforma sobre consumo, também equilibrada sob esta ótica, apontou o ministro.
E, por fim, o de se aproximar da tributação média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para a tributação da renda, assim como ocorreu com os impostos sobre consumo.