O Ibovespa manteve a série positiva que coincidiu com o início do mês, em alta pela 11ª sessão consecutiva nesta segunda-feira, aos 129.320,96 pontos (+0,33%), mesmo na contracorrente do dólar (+0,25%, a R$ 5,4446) e da curva de juros doméstica na abertura de semana. Em julho, nestas 11 sessões, o índice acumula ganho de 4,37%, limitando a perda do ano a 3,63%.
O nível de fechamento desta segunda-feira é o maior desde 8 de maio (129.480,89). Fraco, o giro ficou em R$ 15,4 bilhões na sessão da B3, em que o Ibovespa saiu de abertura aos 128.898,40 pontos, e oscilou dos 128.723,20 aos 129.485,44 pontos, igualando em extensão a série de 11 altas da virada de 2017 para 2018.
Matheus Falci, sócio da One Investimentos, aponta que o Ibovespa se firmou em leve alta na sessão após a divulgação do Índice de Atividade Econômica, o IBC-Br, indicador que é tido como prévia do PIB. Em alta de 0,25% em maio, "o dado trouxe um certo otimismo, sinalizando avanço econômico mesmo levando em consideração os impactos negativos das enchentes no Rio Grande do Sul no período", destaca Falci, observando que, no acumulado de 12 meses, o indicador registra alta de 1,66%.
"Também tivemos a divulgação do Focus com a perspectiva para a Selic. Não houve mudanças - para o final de 2024, a 10,50%, e para 2025, a 9,5% -, mas o boletim atualizou a perspectiva do mercado para o IPCA em 2024, reduzida de 4,02% para 4%. Apesar disso, a previsão continua acima da meta oficial de inflação, que é de 3% - e para 2025, a previsão do mercado aumentou para 3,90%, de 3,88% anteriormente", diz Hemelin Mendonça, sócia da AVG Capital.
Na B3, o bom desempenho de Petrobras ao longo da tarde, embora um pouco acomodado no fechamento (ON +1,42%, PN +0,92%), e acompanhado de longe por Vale (ON +0,11%), foi decisivo para que o Ibovespa estendesse a série vitoriosa iniciada em 1º de julho, em sessão majoritariamente negativa, hoje, para as ações de grandes bancos, à exceção de Itaú (PN +0,39%) e de Banco do Brasil (ON +0,45%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para Eztec (+3,84%), Suzano (+3,63%) e Petz (+3,41%). No lado oposto, Hypera (-1,93%), Dexco (-1,81%) e Energisa (-1,79%).
"Entre as maiores altas hoje, temos Suzano, que na sexta-feira fez a compra de duas fábricas da Pactiv Evergreen nos Estados Unidos, por US$ 110 milhões, o que aumenta a presença da empresa na América do Norte", diz Hemelin, da AVG. Por sua vez, a Eztec divulgou dados operacionais, com sólido desempenho baseado no crescimento de vendas líquidas, acrescenta a analista.
No quadro mais amplo, ainda que em ritmo moderado, o dia foi de apreciação do dólar, com o avanço dos rendimentos dos Treasuries de longo prazo, que resultou em fortalecimento da moeda americana frente às de emergentes como Brasil e México, aponta Hemelin. "Um movimento muito correlacionado ao que aconteceu no comício de Donald Trump no sábado. Após o ataque ao candidato republicano, o dólar subiu porque, se Trump ganhar, o ativo tende a se fortalecer, assim como as criptomoedas, na medida em que o candidato defende política comercial agressiva e regulamentações mais flexíveis."
"O grande fato do dia foi a repercussão dos eventos do final de semana nos Estados Unidos. Houve revisão, para cima, nas chances de eleição do ex-presidente Trump. E as implicações que isso teria mais para frente, lembrando que o governo Trump foi um governo de muito corte de impostos e de proximidade com o mercado financeiro - embora de muito conflito com o Federal Reserve, na medida em que no primeiro mandato tomou, o Trump, muitas medidas com efeitos inflacionários, com piora da parte fiscal", diz Paulo Duarte, economista da Valor Investimentos. Ele ressalva que o governo Trump foi também "muito bom para a Bolsa e o lucro das empresas".