A valorização dos principais mercados de ações mundiais e do petróleo impulsiona o Ibovespa, que saiu no nível dos 130 mil pontos para a marca dos 131 mil pontos nesta segunda-feira, 12. Desta forma, volta a operar na pontuação vista pela última vez na segunda quinzena de janeiro deste ano.
A alta ocorre apesar do recuo de 1,08% do minério de ferro em Dalian, na China, e mesmo após a alta de 1,52% do Índice Bovespa, aos 130.614,59 pontos, no fechamento na sexta. Na semana, subiu 3,78%.
Como reforça Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, o recuo das bolsas americanas entre o dias 2 e 5, principalmente, por conta de temores de uma recessão nos Estados Unidos, foi exagerada. Desde então, há um processo de recuperação principalmente por dois fatores. "Dá continuidade", afirma.
Ao mesmo tempo, os investidores avaliam os sinais moderados de alívio na expectativa para a inflação brasileira em 2025. A mediana das projeções para o indicador fechado no ano que vem diminuiu de 3,98% para 3,97% em 2025, foco da política monetária, no boletim Focus divulgado hoje.
"É uma notícia boa. Afinal de contas é a primeira queda desde março", afirma a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese. Contudo, a economista pondera que o arrefecimento não significa mudança de cenário, lembrando que o IPCA de julho veio forte. Na ocasião, elevou as apostas de alta da Selic. Para 2024, a estimativa no boletim para o indicador deste ano subiu de 4,59% para 4,75%.
Apesar de o IPCA de 2025 ser o principal foco da política monetária, Spiess, da Empiricus, acredita que os agentes do mercado estão atentos à inflação de curto prazo, já que o IPCA de julho no acumulado de 12 meses, informado na sexta, de 4,06%, está se aproximando cada vez mais do teto da banda do Banco Central, de 4,50%. "Assim, as atenções ficam mais para o curto prazo. Tem tanta coisa para acontecer até 2025, principalmente no fiscal, ainda mais agora com a volta do Congresso aos trabalhos", diz.
Aliás, em meio a riscos fiscais, a Monte Bravo manteve hoje sua projeção para o Índice Bovespa no final deste ano em 145 mil pontos. A estimativa ficou inalterada apesar da recente deterioração nos mercados mundiais, afirma o relatório assinado pelo estrategista-chefe Alexandre Mathias. Segundo ele, muitos papéis terão desempenho bem superior ao Ibovespa.
"Ativos brasileiros só irão surfar a onda favorável, se o ajuste fiscal for crível", alerta. Na sua visão, o Federal Reserve deve cumprir roteiro do cenário-base da corretora, cortando sequencialmente no ritmo de 0,25 ponto porcentual partir de setembro.
De todo modo, há viés de baixa nas taxas futuras de juros no Brasil hoje, o que estimula algumas ações ligadas ao ciclo econômico. Nos EUA, os rendimentos dos Treasuries também passaram a ceder há instantes.
"Há uma rotação setorial de ações de big techs para papeis da economia tradicional, por exemplo, que era um tema que vinha antes de sexta e de segunda passadas", diz o analista da Empiricus.
Outro ponto, cita Spiess, é a ansiedade dos investidores enquanto esperam novos sinais da economia americana por parte principalmente do CPI, índice de preços ao consumidor, que sairá na quarta-feira. "Se desacelerar ou vier abaixo do esperado, podemos ter um sentimento mais positivos para os preços de ativos de risco globais, porque aumentaria a chance de corte dos juros americanos em setembro, diz.
Enquanto a agenda de indicadores e eventos da semana não ganha força, os investidores se apegam à ideia de que os Estados Unidos podem escapar de uma recessão, como sugeriram alguns indicadores recentemente.
Nesta segunda-feira, os investidores avaliam alguns resultados corporativos do segundo trimestre, como o prejuízo da Azul após lucro um ano antes, e as falas do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e do diretor Gabriel Galípolo, que participam de eventos.
Às 11h24, Ibovespa subia 0,48%, aos 131.241,71 pontos, após avançar 0,80%, na máxima aos 131.661,90 pontos. Além do recuo de 0,79% de Vale ON, na esteira do minério, Azul liderava o grupo das quedas, ao ceder 7,92%, depois de divulgar prejuízo no segundo trimestre. Ações de primeira linha como Petrobras - que avançavam em torno de 2,80% - e de grandes bancos são destaques. Contudo, as do setor financeiro tinham ganhos menos robustos, de até 0,92% (Bradesco ON).