Ibovespa cai com petróleo, juros e dólar, apesar de NY e minério

Autor: Maria Regina Silva (via Agência Estado),
segunda-feira, 16/12/2024
Ibovespa cai com petróleo, juros e dólar, apesar de NY e minério

A alta dos juros futuros e do dólar em relação ao real na manhã desta segunda-feira, 16, impede o Ibovespa de subir em sintonia com os índices futuros de ações norte-americanos e o minério de ferro, na China, em uma semana de divulgações importantes na agenda interna e externa. Apesar da realização de dois leilões pelo Banco Central nesta segunda, o dólar ainda se mantém na casa dos R$ 6.

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No Brasil, destaque à divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), na terça e na quinta-feira, pela ordem. Lá fora, serão conhecidas as decisões de política monetária dos bancos centrais dos EUA, Inglaterra, China e Japão. Nesta segunda foi divulgado o dado do varejo chinês com uma alta menor do que a esperada. Assim, hoje o banco central do país já confirmou planos de corte de juros em 2025 com o intuito de estimular a economia.

"Aqui, os mercados estão muito focados em relação ao fiscal, como essa pauta vai se desenrolar, e está de olho na decisão do Fed. Espera-se que o banco central americano reduza a taxa em 0,25 ponto porcentual, e isso é o que está fazendo mais preço mercado de ações sobe em NY", avalia Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

A poucos dias do recesso parlamentar, o mercado segue na expectativa da votação do pacote de corte de gastos. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse a última sessão do Congresso Nacional será na quinta-feira, mas que é possível realizá-la no dia seguinte, para a votação do pacote de cortes de gastos, da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA).

"Apesar dos diversos temas externos presentes no radar, os mercados devem continuar repercutindo majoritariamente fatores domésticos, nesta semana que fecha o ano de trabalhos no Congresso", cita em relatório Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.

Além de o pacote de corte de despesas de R$ 70 bilhões até 2026 não ter agradado, ainda há dúvidas quanto a uma possível desidratação do plano e ainda se serão incluídas emendas parlamentares para sua aprovação, pontua Cittadin, da Manchester Investimentos. "Queremos ver o que de fato será cortado e se isso será suficiente para aliviar as contas públicas e se haverá emenda parlamente, que pode aumentar o rombo fiscal", estima.

Ainda que tenha perdido o suporte dos 125 mil pontos na sexta-feira - o que poderia instigar algum ajuste para cima -, o recuo de cerca de 0,50% do petróleo no exterior atrapalha o Índice Bovespa de subir. Já o minério de ferro encerrou nesta segunda com alta de 0,50%, e Dalian, na China. E na sexta, o Ibovespa fechou em 124.612,22 pontos, queda de 1,13%.

Da mesma forma, as permanentes incertezas fiscais e novos ruídos políticos no Brasil desanimam os investidores. Além da dúvida quanto a uma aprovação integral do pacote de corte de gastos nesta semana pelo Congresso, os investidores monitoram os desdobramentos da liberação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No domingo, 15, Lula deixou o hospital Sírio-Libanês após ter um sangramento intracraniano na madrugada da última terça-feira e passar por cirurgia. Ele deve seguir em São Paulo até o meio da semana.

Além disso, avaliam as novas críticas de Lula ao nível da Selic, que atualmente está em 12,25% ao ano e pode ir a 14,75% no final do ciclo, conforme o boletim Focus.

Em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, o presidente reforçou as críticas ao atual patamar da Selic. Para Lula, não há justificativa para que a Selic esteja neste nível, já que, segundo ele, a inflação segue "totalmente controlada".

A afirmação é vista com atenção nos mercados, dado que a mediana das estimativas do IPCA no fim de 2024 no boletim Focus está acima da meta de 4,50% - passou de 4,84% para 4,89%. Ao mesmo tempo, há dúvidas sobre a nova gestão do Banco Central, dado que o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, foi indicado por Lula.

"O Galípolo como diretor de política monetária do BC atualmente tem votado de maneira técnica, mas a afirmação do Lula pode colocar em xeque se o futuro presidente do BC manterá este perfil técnico", alerta Cittadin, da Manchester.

Às 11h20 desta segunda-feira, o Ibovespa cedia 0,14%, aos 124.443,64 pontos, ante recuo de 0,20%, quando marcou mínima de 124.359,14 pontos e máxima de 124.955,95 pontos, em alta de 0,28%. Abriu em 124.609,81 pontos, com variação zero. O dólar à vista subia 0,68%, a R$ 6,0728.