A preocupação com a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos, que ganhou corpo na sexta-feira, continuou reverberando nesta segunda-feira, 5, nos mercados globais, com efeitos negativos também sobre a Bolsa brasileira, que apresentou forte volatilidade no decorrer da sessão. O contraponto ao mau humor generalizado veio dos papéis do Bradesco. Os resultados do banco - em particular a queda na inadimplência, que deixou seus números mais próximos do registrado por instituições rivais - levaram as ações saltarem 8,30% (ON) e 7,59% (PN), contribuindo positivamente com 0,30 ponto porcentual no Ibovespa.
O Ibovespa fechou em baixa de 0,46%, aos 125.269,54 pontos, e no pior momento do dia ficou perto de perder os 123 mil pontos e voltar a níveis vistos pela última vez no final de junho. A diferença de pontos entre a mínima (123.073 pontos) e a máxima do pregão (125.850 pontos), de 2.777 pontos, foi a maior desde 12 de junho de 2024.
O medo de a economia dos Estados Unidos encolher ganhou corpo no mercado financeiro global ainda na sexta-feira, quando dados sobre o mercado de trabalho mostraram que o país criou menos vagas que o esperado e registrou aumento do desemprego em julho. Isso elevou a um nível preocupante um índice usado pelo mercado para prever recessões, e enviou uma onda de aversão ao risco pelas bolsas mundo afora.
Sócio e advisor da Blue3, Rafael Germano aponta que o mercado começou o dia num movimento de queda possivelmente excessivo, que foi corrigido no decorrer do pregão.
"Dados negativos nos Estados Unidos são esperados há algum tempo, porque se sabe que estamos em processo de corte de taxas de juros. Os dados chegaram, mas o mercado, exagerado como sempre, acabou levando isso bem a sério", afirmou, acrescentando, porém, que ainda não está claro que os Estados Unidos de fato seguirão rumo a uma recessão econômica.
Hoje, por exemplo, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços dos Estados Unidos medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) subiu de 48,8 em junho a 51,4 em julho, superando a previsão de analistas ouvidos pela FactSet, que esperavam alta a 51 pontos.
Além do Bradesco, ajudaram a amenizar a queda do Ibovespa os papéis de RaiaDrogasil (+5,88%) e Hypera (+2,83%). Na outra ponta, Vale (-1,06%) exerceu a maior pressão de queda. Petrobras chegou a ser destaque entre as baixas, mas aproveitou a melhora do petróleo ao longo do dia para diminuir as perdas - ao fim, cedeu 0,83% (ON) e 0,08% (PN).