O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao responder sobre a magnitude do corte da Selic, disse que sempre expressou as condições econômicas para uma diminuição de meio ponto logo no início do ciclo de reduções do juro de referência da economia brasileira.
Questionado sobre se esperava que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, fosse votar pela redução de 0,5 ponto porcentual, acompanhando os novos diretores do colegiado indicados pelo presidente Lula - o diretor de Fiscalização, Aílton Aquino, e o de Política Monetária, Gabriel Galipolo -, Haddad disse que não sabia que ia ter o voto de Minerva de Campos Neto e que, na verdade, preferia até que o placar fosse maior na direção do 0,50 ponto porcentual.
Fez questão de reiterar que antes do Copom sempre expressou, mais que o desejo, as condições técnicas que estavam dadas para um corte de meio ponto.
"Eu imaginava que um corte de 0,25 ponto poderia até ocorrer, mas em maio, junho, mas dado que não houve nenhum corte no primeiro semestre e a inflação já estava demonstrando sinais de arrefecimento muito além das projeções da Pesquisa Focus, estava convencido que, pela atividade econômica, queda na arrecadação, de tudo que eu estava ouvindo dos empresários, da indústria e varejo, que havia espaço para corte", disse o ministro.
Ele acrescentou que a Secretaria de Pesquisas Econômicas estava dando "projeções mais calibradas" para a inflação do que as da Pesquisa Focus. "E eu tenho que me fiar nos técnicos do Tesouro Nacional e da Secretaria de Política Econômica", afirmou.
Haddad reparou ainda que o comunicado do Copom deixa claro que, em "tudo mais constante", o passo do próximo corte na Selic será de 0,50 ponto porcentual. Ele admitiu, no entanto, que muita coisa pode mudar para menor até o final do ano.
Haddad disse ainda que todas as conversas que tem com o presidente do BC sempre são sobre economia. "Nunca discuto outra coisa que não seja economia. Nós trocamos informações. Eu passo os dados para ele e ele passa os dados para mim. Sempre trocamos impressões. Então, sim, eu não sabia se ia ter voto de Minerva. Eu queria que fosse 6 a 3, queria que fosse 9 a 0 e foi 5 a 4. Quem sabe na próxima seja um placar mais folgado", disse o ministro, ao ser perguntado se esperava que Campos Neto fosse votar em linha com os dois novos diretores.
"O que eu sempre disse é que o corte precisava vir porque a economia estava, de fato, desacelerando muito e está desacelerando. Estão aí os indicadores de arrecadação. Já não é o governo federal que está divulgando, são os Estados. Os municípios estão vivendo o mesmo drama e nós precisamos harmonizar, obter o melhor resultado da economia. Ter inflação baixa sem sacrificar a sociedade, o emprego e crescimento", afirmou.