O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira, 6, que o mundo amanheceu um pouco mais tenso em função do resultado da eleição norte-americana, com a vitória do candidato republicano Donald Trump. A apreensão vem pelo tom dos discursos feitos por Trump durante a campanha, mas ele avalia que as primeiras falas do republicano após o resultado já foram mais moderadas.
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"Na campanha foram ditas muitas coisas que causam apreensão, não só no Brasil, no mundo inteiro. Causam apreensão nos mercados emergentes, nos países endividados, na Europa. Então, o dia amanheceu mais tenso em função do que foi dito na campanha, mas entre o que foi dito e o que vai ser feito, as coisas às vezes não se traduzem da maneira como foram anunciadas. O discurso pós-vitória oficiosa, não é oficial ainda, mas após os primeiros resultados, já é um discurso mais moderado do que o da campanha", avaliou o ministro ao chegar à sede da Fazenda no período da manhã.
Segundo o ministro, apesar do tom da campanha, o governo será moderado, mediado pela sociedade, embora os republicanos também tenham obtido uma vitória inequívoca no Legislativo. "O governo vai ter muitos graus de liberdade, mas a vida depois trata de corrigir algumas propostas mais exacerbadas, trata de moderar", disse.
Para ele, agora é preciso aguardar um pouco para ver os desdobramentos da eleição e do novo governo Trump a partir de 2025. "Temos de aguardar e cuidar da nossa casa, do Brasil, das finanças, da economia para ser o menos afetado possível por qualquer que seja o cenário externo", disse.
Questionado sobre os impactos políticos da vitória de Trump para o Brasil, Haddad argumentou que não existe um casamento entre as eleições brasileiras e norte-americanas, sem uma relação de automatismo, mas ponderou que o fenômeno crescente da extrema direita no mundo não é uma novidade. "O importante é a democracia continuar resistindo", resumiu.
Haddad repetiu que o cenário externo já vem sendo desafiador há alguns meses e que desde o ano passado ele fazia esse alerta ao negociar medidas com o Congresso. "Eu dizia que era preciso ter muita cautela interna em virtude do que estava acontecendo no mundo, tentando sensibilizar o Congresso sobre as dificuldades de 2024, e eu penso que muito do êxito que nós conseguimos foi porque o Congresso se sensibilizou com o argumento. Tem que se sensibilizar mais, porque o momento é mais desafiador, mas vamos ver os desdobramentos do governo Trump a partir do ano que vem", disse.