O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira, 4, que não concorda com a avaliação do mercado financeiro sobre as medidas que o governo vem adotando para a contenção de despesas. Ele repetiu que as medidas enviadas ao Congresso foram aquelas que já estavam maduras, mas que o debate sobre o ajuste fiscal é contínuo. As declarações foram feitas durante o Fórum Jota - o Brasil em 10 anos, realizado em Brasília.
"Eu entendo, já estive do outro lado do balcão, já fui consultor econômico, mas você tem que olhar para as medidas que estão sendo tomadas. Então eu não concordo com a avaliação que está sendo feita das medidas que nós anunciamos", disse Haddad, frisando que o mercado tem toda legitimidade para criticar, mas que o filme é melhor do que a fotografia.
E destacou: "Entre mandar o que estava maduro e não mandar nada, esperando mais consenso, qual é o sentido disso? Mandamos o que está, na minha opinião, digerido pelo próprio governo e muito bem compreendido pelas lideranças com as quais eu conversei. Tem até um apetite por mais controle de gasto, de maneira que eu estou confiante de que o Congresso, até para fechar o orçamento, vai conseguir apreciar essas matérias nessas três semanas."
Comentário sobre dados melhores de miséria e fome no País
Haddad salientou também no mesmo evento que um País sem miséria e fome é a primeira providência que um governo deveria adotar para sua população. Ele citou dados divulgados mais cedo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a diminuição da miséria no País, que mostram que pela primeira vez essa população está abaixo dos 5%. "Fazer isso em menos de dois anos é muito importante", disse. "O Brasil pode almejar a erradicação da miséria pelo potencial que tem. Mas o problema é que esse potencial ele nem sempre realiza, nem sempre concretiza", afirmou.
Segundo o ministro, sua aspiração na política é combater o comportamento oportunista contra o País de grupos que se organizam para pressionar em esferas como o Legislativo e Judiciário. "É difícil que interesses particulares não atravessem o samba de mudanças constitucionais que País precisa", refletiu, pontuando que faz muita diferença o País ser capturado ou não pela classe dominante, quando o mais eficaz é ser gerido por dirigentes.
Para ele, falta obsessão para buscar mais o interesse geral no Brasil.
Sobre o cenário, o ministro ainda avaliou que há desafios geopolíticos e climáticos que favorecem o País no momento e que é preciso combater privilégios.