O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo tem preocupação com a questão de gênero no Banco Central para as próximas indicações de diretorias, que serão encaminhadas por Gabriel Galípolo, após ter passado por uma sabatina "bem-sucedida" e ter o nome aprovado para a presidência da autoridade monetária com votação expressiva no Senado. O BC precisa indicar nomes para as diretorias de Política Monetária, ocupada hoje por Galípolo, e de Regulação e Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, cujos mandatos dos diretores encerram em dezembro.
A expectativa do governo é de que os nomes sejam votados em novembro, mas esse prazo será acertado com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva bater o martelo em relação às indicações.
"A sabatina foi muito bem-sucedida. Foi muito saudável a maturidade com que a sabatina foi feita e a votação foi muito expressiva. Penso que é um sinal de que institucionalmente as coisas vão bem. Temos, sim, essa preocupação com a questão de gênero no BC, e o Galípolo ficou, de ato contínuo à sabatina, levar ao presidente Lula alguns nomes, uma vez que é ele que indica ao Senado para que esses nomes sejam sabatinados", explicou o ministro.
Em relação às expectativas da gestão de Galípolo na autoridade monetária, Haddad reiterou que ele é uma pessoa técnica. "Nós temos procurado escolher pessoas que tenham um grau de maturidade técnica para ajudar a melhor estratégia de combater a inflação, trazê-la para a meta", lembrando que o País vive no regime de meta contínua. Ele também reiterou que a Fazenda e o BC sempre mantiveram uma relação técnica e que nunca faltou respeito de parte a parte.
O ministro também foi questionado sobre a continuidade das críticas do governo aos juros altos. "O juro já está no campo restritivo. Mas isso é uma discussão técnica que os novos diretores farão. Agora vamos ter a partir de janeiro novos três nomes, vamos ver como as coisas vão se dar. Até aqui a economia está rodando bem, está forte, os preços estão controlados", disse.
Para Haddad, a questão da seca é mais preocupante. O ministro falou sobre os dados do IPCA, que será divulgado às 9h, que devem demonstrar núcleos comportados, mas com a seca afetando dois componentes importantes: energia e alimento. "Isso não tem a ver com o juro, juro não faz chover. Isso tem a ver com o fato de que tem um choque de oferta em virtude da seca e traz problemas para a inflação. Mas é temporário, não é uma coisa que vai se estender no tempo. Daqui a pouco a chuva chega e as coisas voltam ao normal, os preços voltam ao normal. Mas isso tem que ser analisado com a devida cautela, não tomar uma decisão equivocada em função de uma questão climática que é temporária, não é permanente", defendeu.