O diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta segunda-feira que tem ocorrido mudanças nas projeções do mercado para juro terminal em função de surpresas, durante palestra no evento Fórum Político da XP Investimentos, em São Paulo. Ele salientou que, pouco tempo atrás, a discussão era sobre um juro terminal 8,5%, 9% ao ano, pelo que mostravam as respostas do mercado à instituição. "E aí os dados de atividade econômica vieram do jeito que vieram, e a gente teve essa reprecificação do jeito que veio", pontuou.
Galípolo acrescentou que, ainda que seja uma projeção muito bem feita, é uma projeção a partir dos dados que se tem hoje. "E a desgraça sobre o futuro é que o futuro só vai se revelar no futuro, então a gente precisa passar por ele para ver como é que essas coisas vão andar", brincou, atribuindo as mudanças a essas surpresas.
O outro lado, de acordo com o futuro presidente do BC, é sobre o caminho para se chegar à Selic terminal. "No Copom, a gente recebe por parte das áreas técnicas alternativas e possibilidades e caminhos para a gente conseguir chegar lá", explicou. "Acho que muito mais importante para a gente é o processo de a gente ir caminhando nessa direção correta e para onde nós temos várias maneiras de você conseguir atingir a meta de inflação", continuou.
Segundo Galípolo, qualquer tipo de fala sobre o tema agora seria inadequada, porque seria um tipo de guidance em um momento em que o Copom está aberto para ver como os dados, que vêm apresentando tanta volatilidade, vão se comportar ao longo das próximas reuniões.
"A gente toma a decisão entendendo que existem caminhos diferentes e possíveis para você acessar e com a devida humildade necessária para acessar o problema, dadas as surpresas que a gente vem enfrentando", justificou. "Então se tem uma coisa que a gente precisa ter neste momento no consumo de dados é a humildade."