A área de filantropia do grupo das 20 maiores economias do globo (G20), uma das 10 que compõem o da sociedade civil (C20), levará ao Palácio do Planalto nesta quinta-feira (24) o comunicado do final da reunião na expectativa de que alguns de seus pontos sejam espelhados na declaração de líderes em novembro. "Queremos ver algo no documento que tenha o potencial de influenciar pessoas que tomam decisão", disse ao Estadão/Broadcast o secretário-geral do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), Cassio França. Um dos principais temas debatidos no C20 nesse âmbito foi o da filantropia para um desenvolvimento sustentável - o meio ambiente é um dos pilares da presidência do Brasil no G20.
O secretário-geral também comemorou a realização do G20 Social, uma reunião inédita que ocorrerá no Rio, dias antes da cúpula de líderes. "O que tiver de ser considerado, já foi considerado nas reuniões e comunicados, mas é um momento politicamente importante de se estar", avaliou, lembrando que o evento também ocorre paralelamente à COP29, no Azerbaijão.
Recentemente, a área ambiental passou a ganhar mais espaço nas discussões sobre o destino dos recursos, como registrou o Estadão/Broadcast. "Esse G20 Social é uma tentativa de incluir movimentos, outros grupos que não vão estar nas discussões técnicas por natureza."
França disse que já está em contato com representantes da filantropia na África do Sul, próximo país a ser o anfitrião do G20, a partir de 1º de dezembro. O Gife é formado por 170 organizações. "Se o governo sul-africano se sensibilizar minimamente para fazer algo parecido, a gente já vai considerar que é uma vitória na rotina do G20, pois é um momento de tentar popularizar o que acontece e deixar um pouco menos encastelado em seus grupos", considerou.
Ele salientou que os governos considerarem as organizações filantrópicas como uma fonte de recurso adicional para pensar modelos de desenvolvimento. "Advoguei e continuo advogando que a filantropia tem que se expor porque é uma fonte de recurso adicional. E se os governos considerarem isso, eles colocam a filantropia na mesa de discussão", afirmou, recordando que se trata de uma área que costuma atuar mais nos bastidores.
França disse que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) estima serem necessários US$ 31 bilhões para zerar a extrema pobreza no globo até 2030 e que a filantropia brasileira tem movimentado US$ 1 bilhão. "Não é que a filantropia vai resolver a questão, mas é um recurso bem-vindo, não é? A filantropia não vai resolver o problema da fome, da miséria, mas é um recurso adicional que não é desprezível", argumentou.
O secretário-geral do Gife informou que se encontrará nesta quinta com Gustavo Westmann, da Secretaria-Geral da Presidência; Pedro Simões, da Secretaria-Geral do G20; e Fabrício Prado, do Ministério das Relações Exteriores.
Sob a presidência do Brasil, áreas do G20 têm adotado postura semelhante a essa e apresentam ao governo as propostas dos grupos para fazer uma pressão em relação ao comunicado de novembro. Em agosto, por exemplo, o segmento de negócios do grupo, conhecido como B20 - em menção à palavra inglesa Business, negócio - se reuniu com Lula para entregar 24 recomendações listadas pelo setor privado de políticas públicas, em uma tentativa do setor influenciar as decisões do grupo no G20.
O objetivo do encontro foi dar mais tempo ao governo para analisar as recomendações listadas antes da reunião final de novembro. As principais propostas envolviam os campos de finanças e infraestrutura; transição energética e clima; sistemas alimentares sustentáveis e agricultura; comércio e investimento; mulheres, diversidade e inclusão; emprego e educação; transformação digital; e integridade e conformidade.