A exportação de sucata ferrosa, insumo essencial para a fabricação de aço, somou 68,026 mil toneladas em junho, o que representa uma alta de 49% na comparação com o mesmo mês de 2023, apontou o Instituto Nacional da Reciclagem (Inesfa), órgão de classe que representa mais de 5,5 mil empresas recicladoras, a partir de dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
No primeiro semestre de 2024, as exportações somaram 344,324 mil toneladas, volume 2,6% menor na comparação com igual período de 2023. O presidente do Inesfa, Clineu Alvarenga, destacou que o mercado interno continua retraído na produção de aço.
"Algumas usinas siderúrgicas (aciarias) chegaram a suspender pontualmente a produção, ocasionando diminuição na demanda de sucatas ferrosas. Além disso, temos que considerar a superoferta de aço chinês no mundo e a protelação de medidas protetivas do Brasil em atendimento ao pleito da indústria, com a tarifa de importação", afirmou.
Ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Alvarenga disse que os efeitos do sistema de cota-tarifa para a importação de 11 tipos de produtos siderúrgicos devem ser sentidos com mais intensidade nos próximos meses. Ele relembrou que geralmente os pedidos de importação são feitos em média com 90 dias de antecedência, o que significa que há um intervalo entre a restrição estabelecida pelo governo e as suas implicações práticas.
Por outro lado, a recente valorização do dólar, que superou R$ 5,60 no final de junho, foi um estímulo a mais ao incremento das exportações de sucata ferrosa, acompanhado da redução dos gastos do frete internacional, que vinha impactando negativamente, conforme a entidade.
"Com a tarifa de importação do aço em vigor, a tendência é de moderado aquecimento do mercado interno nos próximos meses. As exportações de sucatas ferrosas, que ocorrem apenas em volume excedente, devem ser menores neste mês de julho. Já é possível notar, inclusive, para alguns tipos de sucatas, melhoria na demanda interna com maior interesse dos consumidores", afirma Alvarenga.
Ainda no final de junho, foi aprovado o decreto 12.082, que institui a Estratégia Nacional de Economia Circular, medida bem-recebida pelo Inesfa. A iniciativa tem como objetivo promover a transição do modelo de produção linear para uma estrutura de economia circular.
"O decreto nos dá força para trabalhar e vem ao encontro de pautas que o Inesfa tem defendido nos últimos anos. O financiamento de linhas de créditos específicos para a reciclagem, uma tributação diferenciada e valorização dos materiais recicláveis são os três pontos mais importantes", disse Alvarenga.
O executivo defende ainda o avanço do Projeto de Lei 1.800/21, que isenta recicladores e cooperativas de catadores do pagamento de PIS e Cofins na venda de materiais reciclados à indústria de transformação.
Outra medida apoiada pelo Inesfa é a PEC da Reciclagem, que busca isentar o IBS e CBS - os novos impostos previstos na reforma tributária - na venda de materiais reciclados às indústrias de transformação.
"É preciso olhar atentamente ao tratamento do setor da reciclagem na reforma tributária, para que recicladores e catadores tenham necessários estímulos ao exercício da atividade e a investimentos na transição da economia linear para a economia circular", diz o presidente do Inesfa.