O empresário José Seripieri Filho, o Junior, que fundou a Qualicorp e a Qsaúde, comprou a Amil, operadora de planos de saúde, que pertencia ao UnitedHealth Group (UHG), por R$ 11 bilhões, segundo pessoas que acompanham a transação. A Amil vinha sendo disputada também pelo empresário Nelson Tanure, da operadora Alliança, e pelo fundo de private equity americano Bain Capital - que já foi acionista relevante da NotreDame Intermédica no País. Na maior transação de fusão e aquisição (M&A, na sigla em inglês) feita no País entre uma única pessoa física e uma companhia, Junior pagará R$ 2 bilhões ao UHG e assumirá passivos de cerca de R$ 9 bilhões. O valor total, porém, pode ser maior por causa de eventuais contenciosos. Essa foi a estratégia da oferta de Junior, que assume o negócio de "porteira fechada", mesmo com o risco de enfrentar eventuais gastos maiores no futuro. Por outro lado, esse também teria sido o motivo pelo qual os americanos da Bain saíram da disputa. Caso ficassem, as negociações se estenderiam para o próximo ano, algo que o UHG queria evitar. Procurada, a Amil respondeu que "o UnitedHealth Group Brasil não comenta especulações de mercado". A operação precisa ser submetida ao Cade e à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
PerdasA operação brasileira, pela qual a empresa pagou quase R$ 10 bilhões há dez anos, é pequena para o tamanho da gigante americana - e tem perdas principalmente com os planos de saúde individuais. Tanure também teria pedido proteção contra outros contenciosos em sua oferta. A Amil é a quarta maior operadora do País, atrás de NotreDame Intermédica, Hapvida e Bradesco Saúde, com 6% de participação de mercado, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Ela tem cerca de 5,4 milhões de beneficiários de planos de saúde e dentários, 31 hospitais e 28 clínicas médicas. Com o negócio, Junior volta ao setor de saúde, no qual fez fortuna. Conhecido por ter erguido a Qualicorp (cujo controle vendeu em 2019 para, no ano seguinte, abrir a QSaúde), que se transformou numa gigante dos planos de saúde de entidades de classe, ele terá o desafio de arrumar as contas de uma empresa que hoje tem geração de caixa negativa, na casa de R$ 2 bilhões. No ano passado, a Amil faturou pouco mais de R$ 26 bilhões, e teve prejuízo de R$ 1,7 bilhão.
Linha de chegadaA arrancada do empresário na reta final das negociações surpreendeu o mercado. Na quinta-feira, um dia antes de o conselho do UnitedHealth Group se reunir para bater o martelo sobre a venda da Amil, o cenário indicado parecia ser outro. Nelson Tanure teria aumentado sua oferta, chegando a R$ 2,5 bilhões, pagos diretamente aos controladores. Pessoas próximas das negociações diziam que o movimento de aumento no valor não teria sido acompanhado por Seripieri Filho - versão que caiu por terra na sexta-feira, 22. Também aparecia na disputa o fundo americano Bain Capital, que foi acionista relevante da NotreDame Intermédica até 2021, quando a operadora se juntou à Hapvida. Em agosto, o fundo vendeu R$ 1,3 bilhão em ações da Hapvida, mas é um gigante com US$ 165 bilhões sob gestão. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.