O dólar ajusta-se em alta moderada no exterior e frente o real na volta do feriado local. Os investidores precificam as valorizações da moeda americana e dos retornos dos Treasuries ontem após a compra do First Republic pelo JP Morgan reduzir temores sobre o setor bancário e elevar expectativas de alta de 25 pontos-base dos juros pelo Federal Reserve, amanhã, e pelo Banco Central Europeu, na quinta-feira.
Para o Copom, as apostas são de manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano, mas o governo segue na ofensiva por corte de juros. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem novas críticas à taxa de juros no País que, segundo ele, é responsável, em parte, "pela situação que vivemos hoje", em referência ao desemprego. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na sexta-feira que o governo já criou condições para a taxa de juros voltar a cair "a qualquer momento". E a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que, uma vez que o arcabouço for aprovado no Congresso, o Banco Central "não vai ter saída senão baixar o juro".
O mercado digere a Medida Provisória que taxa os rendimentos de aplicações no exterior para compensar o que vai deixar de arrecadar com o aumento da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos. A equipe econômica estima em R$ 3,2 bilhões o impacto da ampliação da faixa de isenção só neste ano.
Para o advogado Hugo Leal, do escritório Cescon Barrieu, a MP traz uma série de esclarecimentos e uma equiparação das aplicações de brasileiros ultrarricos feitas indiretamente - através de estruturas jurídicas no exterior - com as aplicações realizadas diretamente pela pessoa física. "O que me chama atenção positivamente é que a MP não tem a pretensão de tributar o estoque ou seja, os rendimentos passados das CFCs", disse Leal. "Se isso acontecesse, o risco de judicialização seria muito grande", afirmou o advogado. Outros especialistas avaliam que a MP traz poucas mudanças para quem investe pouco. Eles alertam, porém, que há espaço pra mudanças, uma vez que o texto ainda precisa passar pelo Congresso.
Além disso, o boletim Focus trouxe leve aumento nas estimativas para o IPCA deste ano, de 6,04% para 6,05%, e manutenção das taxas para 2024 até 2026, enquanto as projeções para a taxa Selic até 2025 permaneceram inalteradas e para 2026 subiram de 8,75% para 8,88% ao ano.
Lá fora, os retornos dos Treasuries recuam nesta manhã, por cautela com riscos de recessão após os fracos índices de gerentes de compra (PMIs) industriais divulgados nos EUA, zona do euro, Alemanha e China.
Às 9h40, o dólar à vista subia 0,81%, aos R$ 5,0272. O dólar para junho ganhava 0,79%, a R$ 5,0565.