O dólar abriu a semana em baixa no mercado doméstico de câmbio, devolvendo parte da valorização de 1,89% na sexta-feira, 25, em meio ao desconforto com declarações do ex-prefeito Fernando Haddad, nome mais cotado para ocupar o ministério da Fazenda. Operadores afirmam que, embora o ambiente ainda seja de cautela, a perspectiva de desidratação da PEC da Transição e da indicação integrantes da equipe econômica, com a presença do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília, abriu espaço para ajustes e movimento de realização de lucros.
Tirando uma alta pontual e bem limitada na abertura dos negócios, o dólar operou ao longo de todo o dia em terreno negativo. Com mínima a R$ 5,3493 (-1,13%), a moeda encerrou o pregão cotada a R$ 5,3661, em baixa de 0,82%, o que reduz a valorização acumulada em novembro a 3,88%. O apetite por negócios foi fraco, com o contrato de dólar futuro para dezembro movimentando menos de US$ 10 bilhões, em sessão marcada pelo jogo segundo jogo do Brasil na Copa do Catar.
"O dia foi de pouca liquidez, com o mercado devolvendo parte da puxada do dólar sexta-feira, quando teve a fala de Haddad e a notícia de que o Persio Arida estava fora do jogo", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, em referência ao fato de Arida ter afirmado que não pretende ocupar cargo no governo de Lula. "Os ativos brasileiros estão sem tendência definida, porque existe muita incerteza."
Ao longo do dia, o mercado trabalhou com possibilidade de desidratação do valor de R$ 198 bilhões que constava na minuta da PEC entregue pela equipe de transição. Circulariam nos bastidores duas propostas alternativas. Uma com o aumento do teto de gastos em R$ 150 bilhões e outra em R$ 175 bilhões. Essas duas minutas usam o modelo de PEC apresentada pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que, em vez de retirar os gastos do teto, aumentam o seu limite de forma permanente.
"Continuo acreditando que há boa vontade do mercado em dar o benefício da dúvida de curto prazo, caso haja um sinalizações clara e um plano concreto de ajuste fiscal para o País no longo prazo", afirma, em relatório, o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa. "Por ora, não parece haver nenhum sinal nesta direção, o que deverá manter o viés dos ativos locais mais negativos e com bastante volatilidade".
Após às 18h, o relator-geral do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI), anunciou que protocolou a PEC de acordo com o texto apresentado pela equipe de transição, com retirada do Bolsa Família e de até R$ 23 bilhões em investimentos do teto de gastos. O valor total de despesas extrateto é de R$ 198 bilhões e o prazo, de quatro anos. Castro disse que o ideal é que tudo seja aprovado antes do dia 16 de dezembro. "Ideia inicial era formar texto de consenso, mas negociação demorou muito", afirmou Castro. "Combinamos com líderes que daríamos entrada e vamos então buscando texto comum".
No exterior, após uma baixa pontual no início do dia, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma sexta de seis divisas fortes - operou ao longo da tarde em alta firme, ultrapassando a barreira dos 106,700 na máxima da sessão, na esteira de declarações duras de dirigentes do Federa Reserve. A moeda americana também subiu em relação à maioria de divisas emergentes e de países exportadores de commodities, embora tenha perdido fôlego frente a pares latino-americanos do real, como peso mexicano e o chileno. Entre commodities metálicas, o minério de ferro subiu, mas o cobre fechou em baixa. Investidores monitoram a tensão política na China, com aumento de protestos contra a política de 'Covid Zero' e sinais de enfraquecimento da atividade.
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