O dólar renovou mínima há pouco, a R$ 5,1920 (-0,30%) no mercado à vista, ajustando-se à queda da moeda americana no exterior ante divisas rivais e moedas emergentes e ligadas a commodities. Nos primeiros negócios desta segunda-feira, o mercado de câmbio teve volatilidade. Abriu com alta leve e registrou máxima intradia aos R$ 5,2210 (+0,26%), mas caiu em seguida com uma realização de ganhos. Na última sexta-feira, o dólar à vista subiu 0,72%, aos R$ 5,2077, acumulando valorização de 1,98% na semana passada.
No boletim Focus, os investidores olharam a piora do cenário para a inflação neste e nos próximos anos, na esteira dos questionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à autonomia do Banco Central (BC), ao nível de juros e à meta de inflação. Há temores de que o governo aumente as metas de inflação e interfira na condução da política monetária. No radar dos investidores nesta semana está a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), nesta quinta-feira. Cabe ao CMN discutir e eventualmente mudar as metas de inflação.
A projeção para o IPCA - índice oficial de inflação - deste ano subiu de 5,39% para 5,48%, contra 5,23% há um mês. Para 2024, horizonte que fica cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção também avançou, de 3,70% para 3,84%, de 3,60% há quatro semanas. Chamou atenção ainda o salto dado pela projeção para o IPCA de 2026, que está bem distante do horizonte relevante considerado pelo BC para a política monetária neste momento. A estimativa passou de 3,22% para 3,47% na última semana, contra 3,01% um mês antes. A mediana para o IPCA de 2025 continuou em 3,50%, de 3,20% há um mês.
A mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está bem acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024 e 2025, os números indicados pelo Boletim Focus já estão acima do centro da meta de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026.
Já as projeções para a Selic no fim de 2023 ficaram em 12,50% na Focus, mas subiram em 2024 (9,50%), 2025 (8,50%) e 2026 (8,25%).
Os investidores miram também o presidente Lula, que está na Argentina em sua primeira agenda internacional no atual mandato, e no ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Lula deve se encontrar na tarde desta segunda-feira com a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, apurou o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Segundo fontes, Lula e o presidente argentino, Alberto Fernández anunciam hoje grupo de trabalho sobre unidade de conta sul-americana.
Na chegada a Buenos Aires, Haddad afirmou que o governo brasileiro estuda uma solução comum com a Argentina para elevar as exportações brasileiras ao país vizinho, um importante parceiro comercial. Também ironizou rumores sobre o fim do real, disseminados por bolsonaristas nas redes sociais um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicar artigo conjunto com o presidente argentino, Alberto Fernández, em que confirmam estudos sobre uma moeda comum sul-americana restrita a transações comerciais e financeiras.
Mais cedo, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) acelerou a 0,62% na terceira quadrissemana de janeiro, após alta de 0,49% na segunda leitura do mês. O indicador acumula alta de 4,42% em 12 meses, maior do que o avanço de 4,29% registrado na segunda quadrissemana de janeiro. Cinco das oito categorias de despesas que compõem o indicador registraram avanço da inflação entre a segunda e a terceira leitura do mês.
Às 9h55, o dólar à vista caía 0,13%, a R$ 5,2007. O dólar fevereiro cedia 0,24%, a R$ 5,2085.