O dólar abandonou a volatilidade vista pela manhã e se firmou em leve alta contra o real à tarde, passada a formação da última taxa Ptax de setembro e, principalmente, porque o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicou que não continuará cortando juros a um ritmo de 50 pontos-base. Tal sinalização reverberou negativamente nos mercados globais, fazendo com que a moeda americana - conhecida como ativo de hedge (proteção) - ganhasse força inclusive entre pares fortes. Já o real teve o 3º pior desempenho entre as divisas emergentes e de exportadores de commodities, embora tenha conseguido se valorizar cerca de 3% contra o dólar em setembro.
O dólar à vista fechou em alta de 0,21%, a R$ 5,4474. O índice DXY, que mede a divisa contra uma cesta das principais moedas globais, marcava +0,39% por volta das 17h05. No acumulado de setembro, a moeda americana cedeu 3,33% ante o real.
Especialistas ouvidos pelo Broadcast apontam que o cenário local ficou de escanteio no mercado cambial nesta segunda-feira, com o fator preponderante sendo a espécie de banho de água fria que Powell deu ao indicar que "se a economia evoluir como esperado", a expectativa é mais dois cortes de 25 pontos-base em 2024.
Com isso, "o dólar se fortalece praticamente com relação a todas as moedas no dia, por conta de um diferencial de juros mais apertado", avalia Gean Lima, estrategista & trader de juros e moeda da Connex Capital, frisando que o cenário local não chamou a atenção hoje.
"O mercado estava na linha de que Fed poderia manter corte de 0,50 ponto com atividade, inflação vindo mais baixas nos últimos dados. Mas com a fala mais modesta de Powell, o mercado tira percepção de outro corte de 0,50 ponto e isso impacta os ativos globais", comenta Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset. Segundo ele, os ativos mais impactados foram os juros futuros do Brasil e os Treasuries, que deram uma estressada.
Fator que causou volatilidade no câmbio pela manhã, quando o dólar tocou mínima (R$ 5,4030) e máxima (R$ 5,4729) intradia, a taxa Ptax fechou em R$ 5,4481, com alta de 0,09% nesta segunda-feira e recuou 3,69% em setembro.
No acumulado do mês, o dólar se desvalorizou contra o real. "Na semana passada mesmo o real teve uma performance forte em relação a moedas fortes por causa do pacote de estímulos da China. Mas em perspectiva mais longa, o real segue bem atrás ainda, com percepção fiscal fazendo peso", complementa o economista-chefe da Western Asset.