A divergência de sinal entre o dólar à vista, que opera em queda, e o dólar futuro para novembro, que registra leve alta, continuou no período da tarde por um 'delay' dos efeitos do rating da Moody's. O real se valorizou no mercado à vista com apoio do upgrade pela agência de classificação de risco e da alta das commodities. Já o câmbio futuro - que teve tempo de responder em baixa à mudança de nota da Moody's na terça-feira - refletiu nesta quarta-feira o fortalecimento do dólar contra divisas fortes e dos juros dos Treasuries após a criação de empregos no setor privado dos Estados Unidos superar a previsão de analistas, além de preocupações fiscais em segundo plano.
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O dólar à vista fechou em queda de 0,35%, a R$ 5,4448. Às 17h40, o dólar futuro para novembro registrava alta de 0,28%, a R$ 5,4600. O índice DXY, que mede o dólar contra cesta de seis moedas fortes fechou em alta de 0,48%, a 101,677 pontos.
"Não tem novidade para contar em relação ao período da manhã. A história é a mesma: temos um momento favorável para os ativos brasileiros por conta da alteração da nota de risco pela Moody's", avalia Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
O novo rating da Moody's foi divulgado na terça-feira após o fechamento dos mercados, mas com o dólar futuro para novembro ainda aberto a negociações. Por isso o câmbio futuro conseguiu reagir em baixa já na véspera, fechando a R$ 5,4450.
Isso justifica o descolamento do dólar à vista com o dólar futuro: "É um delay dos efeitos do rating da Moody's no contrato à vista, em comparação com o mercado futuro", afirma Matheus Massote, especialista de câmbio da One Investimentos.
Abdelmalack afirma que o movimento de recuperação do real acabou perdendo força por causa do relatório ADP dos Estados Unidos, que veio acima do esperado. "Vimos o DXY começando a operar em alta e tendo efeito no rendimento dos Treasuries, com isso a desvalorização do dólar à vista perdeu força por aqui. Agora vemos o mercado um pouco cauteloso com a leitura do payroll na sexta-feira", avalia.
Também na ponta do lápis, Massote diz que incertezas fiscais continuam no radar, apesar do novo rating da Moody's. A própria agência destacou que a credibilidade do arcabouço fiscal é ainda "moderada", e que isso se reflete no custo "relativamente elevado" da dívida do País.
O mercado também acompanhou diversos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em eventos, e a coletiva para comentar o relatório mensal da dívida, mas não houve nenhuma fala de destaque e que tenha feito preço, segundo operadores.
Também refletindo no comportamento do dólar à vista, Abdelmalack crava que a taxa de câmbio tem cenário mais favorável por conta das commodities.