O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Chicago, Austan Goolsbee, criticou a reação do mercado financeiro ao ampliar precificação de cortes de juros para 2024, após decisão do BC dos Estados Unidos de manter os juros inalterados na semana passada. "A nossa função é agir e a do mercado é reagir, não podemos nos guiar e decidir com base nele. Seguiremos dependentes de dados", acrescentou, em entrevista à
CNBC. Goolsbee observou que há uma disparidade muito grande entre as expectativas de cortes do mercado para 2024 e as projeções de dirigentes do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês). Segundo o gráfico de pontos divulgado pelo Fed, a maior parte dos dirigentes esperam que os juros fiquem entre 4,25% e 5% em 2024, enquanto o mercado prevê que as taxas chegarão ao fim do próximo ano entre 3,75% a 4%, conforme ferramenta de monitoramento do CME Group. O presidente do Fed de Chicago, que votou nas decisões do FOMC neste ano, afirmou que também está confuso com a leitura do mercado de que os discursos do presidente do BC, Jerome Powell, e do presidente da distrital de Nova York, John Williams, tenham sido diferentes. Para ele, o BC americano tem reforçado a mesma mensagem, sinalizando manutenção dos juros em nível restritivo por tempo suficiente para baixar a inflação. "Só poderemos cortar juros com sinais consistentes de queda consistente da inflação, para evitar erros do passado", afirmou Goolsbee. Ele lembra que, em anos anteriores, provocar uma recessão era necessário para controlar a inflação, mas que hoje parece ser possível alcançar um pouso suave, com redução dos preços junto a um crescimento econômico forte. Nesse ambiente, o dirigente defende uma manutenção de juros cuidadosa, com espaço para "afinar" a política monetária de acordo com dados ou novos choques macroeconômicos. "Pousos suaves mais fáceis do que este já foram abalados por choques externos", alerta.