Em 2020, para não demitir, muitas empresas negociaram redução de jornada de trabalho e de salários de seus funcionários, com auxílio do Governo Federal complementando parte da renda dos trabalhadores.
Porém, na hora de receber o décimo terceiro salário, a queda que ficou em torno de 25% ao longo dos meses, poderá ser maior. Foi o que explicou o administrador de empresas com especialização em Finanças Pessoais e com MBA em Responsabilidade Social e Corporativa, Altemir Farinhas.
“Muitos terão uma redução de até 75% e vão ficar surpresos, mas os alertas foram dados durante o ano em notícias nos jornais especializados. É que o valor é calculado com base somente no montante pago pelas empresas, que acabaram reduzindo pela metade os salários e isso vai refletir no décimo terceiro”, disse.
Vale também para quem teve o contrato suspenso, que deverá receber o décimo terceiro proporcional. O empregador poderá descontar os meses de interrupção da atividade do profissional, já que cada mês trabalhado representa 1/12 (um dozeavos) das parcelas que compõem a gratificação anual.
Mesmo assim, o especialista acredita que é possível fazer bom uso da renda extra (mesmo que menor) com responsabilidade, como quitar ou renegociar dívidas, já que o fim do ano é quando os bancos e as empresas costumam oferecer os melhores descontos.
“Pagando as dívidas, o trabalhador vai poder limpar o nome e ficar apto para financiar a casa própria, por exemplo, que está com juros mais atrativos. É uma forma de investimento “, orientou.
O fato das famílias estarem mais próximas nesse período provocou mudanças e até discussões na área financeira. Altemir destacou que foi preciso conversar sobre como gastar melhor o dinheiro. “Famílias que precisaram se adaptar a um patamar mais baixo, devido às perdas salariais, tiveram que se ajustar à nova realidade”, ressaltou.
Por outro lado, Altemir Farinhas indicou que a pandemia não teve apenas consequências negativas como a queda nos salários e a suspensão de contratos de trabalho. Para ele, foram meses em que as pessoas no mundo todo passaram a entender um pouco mais sobre educação financeira.
“Primeiro, porque muita gente aprendeu que é possível viver com menos dinheiro. Segundo, porque puderam fazer contas, colocar as despesas no papel, fazendo todo um planejamento. E planejar é o caminho para o melhor uso das finanças”, analisou. E acrescentou: “Para motivar, oriento que as pessoas coloquem junto com o planejamento, um sonho, uma meta. Vai ajudar o trabalhador na hora de economizar”.
Para ele, quem se planeja, dialoga, economiza e consegue fazer reservas nunca será pego de surpresa, como ocorreu com muitas pessoas neste ano.
É possível cortar gastos? - Farinhas também falou sobre a importância de valorizar o que importa e descartar o que somente traz despesas. Ele é a favor do investimento em lazer, já que se não houver um período para arejar a cabeça, prejuízos mentais poderão surgir no futuro.
“Eu cortaria o clube, os muitos canais por assinatura, ou assinatura de um jornal ou revista. De que adianta ter tantas regalias, se muitas vezes, não temos tempo para usufruir delas?”, indagou.
Outra dica é buscar bancos que não cobrem taxas de administração e que ofertem cartões de crédito sem cobrança de anuidade. Aliás, o especialista em finanças pessoais alertou sobre os cuidados com o cartão. “78% das dívidas dos brasileiros atualmente são de cartões de crédito. Os juros são muito altos e se as faturas não são pagas no prazo, crescem demasiadamente e se tornam mais difíceis de serem pagas”.
A dica final de Altemir Farinhas para quem passou um 2020 difícil na área financeira é “atravessar o resto de ano com calma, porque a situação vai melhorar”, garantiu.