Além de aumentar a Selic para 12% na semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deverá fazer uma nova reavaliação do hiato do produto em função do PIB do terceiro trimestre mais forte do que o esperado. É o que projeta o Departamento Econômico do Banco Daycoval, segundo seu economista-chefe, Rafael Cardoso.
"Este quadro de atividade resiliente, depreciação cambial relevante e piora contínua das expectativas de inflação tem como pano de fundo a elevação das incertezas quanto ao quadro fiscal após o anúncio do pacote de corte gastos mais modesto do que o esperado. Será importante verificar a projeção de inflação do comitê para o horizonte relevante, no segundo trimestre de 2026, que está atualmente em 3,6% e bem distante da meta de 3%", avalia Cardoso.
Quanto ao Copom na semana que vem - o comitê se reúne nos dias 10 e 11 -, de acordo com o economista, há uma grande expectativa em torno tanto da decisão quanto da comunicação a ser adotada. Isto decorre da deterioração do cenário econômico observado desde a última reunião em novembro.
"Nossa expectativa é que o comitê acelere novamente o ritmo do juro, agora para 0,75 ponto porcentual, levando a taxa Selic para 12% ao final deste ano. O comitê deve ainda manter o tom duro dando destaques à desancoragem das expectativas de inflação e à necessidade de uma política fiscal crível. Diante deste cenário mais adverso não descartamos a possibilidade de o comitê elevar a taxa de juros para patamar acima do nosso cenário base", concluiu Cardoso.