A primeira estimativa para a safra brasileira de grãos na temporada 2024/25 indica a produção de 322,47 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 8,3% em comparação com a safra anterior 2023/24 (297,85 milhões de t), ou 24,62 milhões de toneladas a mais. Isso é o que mostra o 1º levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta terça-feira, 15. Os números correspondem a um novo recorde na série histórica da Conab.
Para a área, estima-se crescimento de 1,9% sobre a safra anterior, passando de 79,83 milhões de hectares para 81,34 milhões de hectares. A produtividade média pode crescer 6,2%, de 3.731 quilos por hectare para 3.964 kg/ha.
No caso da soja, principal cultura de verão, os produtores também devem destinar uma maior área para o grão, com elevação de 2,8% quando comparada com a temporada passada. "No entanto, o porcentual de crescimento de área da oleaginosa está arrefecido nesta safra, sendo este o terceiro menor porcentual de incremento registrado desde o ciclo 2009/2010", ponderou a Conab. O atraso do início das chuvas, sobretudo nos estados da região Centro-Oeste, vem atrapalhando os trabalhos de preparo do solo e do plantio. Ainda assim, a produção está estimada em 166,05 milhões de toneladas, aumento de 12,7% ante a temporada anterior (147,38 milhões de t).
Para o milho, a Conab projeta uma recuperação de 3,5% na safra, sendo estimada uma colheita total em torno de 119,74 milhões de toneladas, crescimento de 3,5% sobre a safra anterior (115,70 milhões de t). A área deve ser mantida em 21 milhões de hectares. Na primeira safra do cereal, tanto a produção como a área cultivada, a expectativa é de redução de 1,1% e 5,4% respectivamente, passando para 3,76 milhões de hectares semeados, com a produção estimada em 22,72 milhões de toneladas ante 22,96 milhões de t na primeira safra de 2023/24.
No caso do algodão, a primeira previsão indica crescimento de 2,9% na área a ser semeada, para um total de 2 milhões de hectares. A produção de pluma está estimada em 3,67 milhões de toneladas (praticamente estável ante 2023/24).
Conforme a Conab, neste ciclo, o arroz deverá apresentar crescimento de 9,9% na área semeada. "A alta é verificada em todas as regiões do País, com destaque para o Centro-Oeste e o Sudeste, onde o incremento alcança 33,5% e 16,9% respectivamente", comentou a estatal. Só em Mato Grosso, os produtores vão destinar cerca de 133 mil hectares para o cultivo do cereal, com uma elevação de 39,3% quando comparada com a área registrada na temporada de 2023/24.
Em Goiás esse aumento atinge 24%, índice pouco menor que o registrado em Minas Gerais, onde se verifica uma alta de 25,1%. O Sul, principal região produtora de arroz no País, também tende a registrar uma maior área cultivada, alcançando cerca de 1,16 milhão de hectares. Esse cenário influencia na expectativa de maior produção, com a colheita sendo estimada em 12,05 milhões de toneladas, aumento de 13,8% ante ciclo anterior (10,59 milhões de t) e recuperando o volume obtido na safra 2017/2018.
O presidente da Conab, Edegar Pretto, disse em comunicado: "Com esses números, a previsão é de que o Brasil volte ao patamar das maiores safras de arroz da sua história. Isso é o resultado do trabalho dos nossos produtores, em parceria com o governo federal, que voltou a elaborar políticas públicas para todo o campo agrícola brasileiro, contemplando pequenos, médios e grandes produtores".
Para o feijão, a Conab também espera um ligeiro aumento na área semeada, saindo de 2,86 milhões de hectares em 2023/24 para 2,88 milhões de hectares no atual ciclo. Cultivado ao longo do ano, a maior elevação é esperada para a área semeada na primeira safra da leguminosa, com uma alta de 2,3%, sendo estimada em 881,3 mil hectares, resultando em uma produção de 947,3 mil toneladas (pequeno aumento de 0,5% ante 2023/24, que foi de 942,3 mil t). Já a expectativa de produção total do grão no País, somando-se os três ciclos cultivados, é de 3,26 milhões de toneladas, 0,5% acima da safra anterior (3,24 milhões de t).
Culturas de inverno
A primeira expectativa de produção acima de 12 milhões de toneladas para as culturas de inverno não se confirmou, segundo a Conab, influenciada principalmente pelas condições climáticas registradas nas regiões produtoras. O trigo, principal cultura dentre os cultivos de inverno, teve a previsão de safra reduzida para 8,26 milhões de toneladas neste levantamento, o que ainda assim corresponde a um aumento de 2,1% ante 2023 (8,10 milhões de t).
"Problemas no clima durante todo o ciclo, sobretudo no Paraná, como estiagem no início, a falta de clima frio predominante, ocorrência de dois períodos de geadas em agosto e de doenças justificam tal redução. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina o cenário é mais positivo", explicou a Conab.