Commodities e PIB impulsionam Ibovespa, mas NY e alta dos juros futuros são riscos

Autor: Maria Regina Silva (via Agência Estado),
terça-feira, 03/12/2024

A força das commodities e da economia brasileira estimula o Ibovespa no pregão desta terça-feira, 3. A elevação, contudo, é limitada no viés de baixa dos índices futuros de ações norte-americanos, pela cautela fiscal no Brasil e pela alta dos juros futuros.

A principal fonte de valorização é o avanço em torno de 1,50% do petróleo e do minério de ferro em Dalian, na China, onde o banco central do país disse que implementará políticas de apoio à economia em 2025. Desta forma, as bolsas europeias sobem e a maioria na Ásia fechou em alta.

Já no pré-mercado de ações em Nova York nesta manhã há viés de baixa. Os investidores esperam a divulgação de indicadores como o relatório de emprego Jolts nos EUA e falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), para ajustarem as apostas para o juro básico.

Nesta terça, foi divulgado que o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que cresceu 0,9% ante o segundo trimestre, perto da mediana de 0,8% das projeções. Em relação ao terceiro trimestre de 2023, o PIB subiu 4,0% e também ficou alinhado à mediana de 3,9%.

"O PIB veio forte, mas o IPC-Fipe também índice que mede a taxa de inflação em SP atingiu 1,17%, no teto das projeções. Ontem, o boletim Focus trouxe novo aumento nas projeções de inflação para 2024, 2025, 2026 e 2027", alerta Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos. "Esse PIB foi muito influenciado pelo aumento de gastos do governo", acrescenta Faust.

A despeito das incertezas, a elevação do PIB dá certo alívio ao Ibovespa depois da forte perda em novembro, acrescenta. "Caiu muito na semana passada, é uma correção técnica", completa Faust.

Nos dados das Contas Nacionais do IBGE chama a atenção os níveis elevados do consumo do governo e das famílias, o que tende a reforçar a cautela dos agentes em relação ao fiscal que, por sua vez, eleva a pressão em relação a uma política monetária mais apertada.

Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, os números do PIB mostram um crescimento bem disseminado, tanto pela oferta quanto pela demanda, mesmo diante do recuo da agropecuária e da piora nas exportações líquidas.

O economista diz que revisará sua projeção de crescimento do PIB deste ano e provavelmente de 2025. "O PIB de 2024 está mais com cara de 3,3%/3,5% do que 3,0%. Por outro lado, essa força da atividade reforça o desafio para o BC, o que deve manter a parte curta da curva de juros pressionada", avalia Borsoi em relatório.

Segundo avalia Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital, o PIB do terceiro trimestre tem uma "foto boa", influenciado em parte pelo impulso fiscal, o que pode manter "um bom nível" de lucro das empresas. Porém, alerta que o futuro pode ser pior devido às incertezas fiscais que seguem pressionando o Banco Central por mais juros. Em meio a este ambiente, acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a taxa Selic de 11,25% para 12,00% este mês.

Ao mesmo tempo, os riscos ficais permanecem. "Fatores locais continuam direcionando os preços, em meio ao mau humor deixado pela apresentação do pacote de contenção de gastos na última semana. A informação do envio da PEC ao Congresso pode ajudar a conter a piora, o que em conjunto com o contexto externo abre margem para algum alívio", estima Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.

Ontem, o Ibovespa fecha em baixa de 0,34%, aos 125.235,54 pontos.

Às 11h24, o índice subia 0,48%, aos 125.837,75 pontos, após avançar 0,94%, na máxima aos 126.417,20 pontos, depois de variação zero, na mínima aos 125.233,45 pontos, perto da abertura de 125.235,46 pontos. Petrobras tinha recuo de 0,05% (PN) e de 0,30% (ON), após subir mais cedo. Algumas ações ligadas ao consumo subiam, caso de CVC, com cerca de 3,00%, a despeito da pressão para cima nos juros futuros.

Em tempo: a Vale atualizou suas projeções e, agora, estima uma produção de 328 milhões de toneladas de finos de minério de ferro em 2024. Para 2025, a expectativa é de 325 a 335 milhões de toneladas e, para 2025, de 340 a 360 milhões de toneladas. As ações da mineradora passavam a cair (-0,12%), mas CSN ON subia 4,83%.