Após ter fechado a sessão anterior pouco abaixo da estabilidade, em meio a preocupações sobre a situação fiscal doméstica, o Ibovespa retomou a trajetória positiva nesta terça-feira, na véspera da decisão do Copom sobre a Selic. O índice da B3 andou à frente das referências de Nova York na sessão, e fechou em alta de 0,58%, a 129.210,48 pontos, entre mínima de 128.463,56 e máxima de 129.745,03 nesta terça-feira, em que saiu de abertura aos 128.465,69 pontos. O giro financeiro foi a R$ 23,4 bilhões.
Na semana, o Ibovespa avança 0,55% e, no mês, ganha 2,61%, limitando as perdas do ano a 3,71%. O índice da B3 fechou nesta terça no maior nível desde 9 de abril, então perto dos 129,9 mil pontos.
"A recuperação vista nos ativos domésticos continua a ter como pano de fundo a descompressão derivada da leitura abaixo do esperado para os dados do mercado de trabalho americano, na sexta passada, com efeito sobre os juros globais", diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas. "Hoje, houve de certa forma uma reconexão ao humor de fora, após um dia mais pressionado, ontem, para os juros futuros domésticos, com o câmbio também conseguindo acompanhar essa melhora na margem", acrescenta o economista, referindo-se ao impacto dos eventos climáticos no Rio Grande do Sul, que pressionaram os ativos domésticos na segunda-feira.
"Ninguém discorda, claro, da necessidade de ajuda ao Estado nesse momento de dificuldades, e há diversos instrumentos dentro das regras fiscais atuais. E ontem, ao longo do dia, veio maior clareza sobre como isso será feito, dirimindo dúvidas, com a adoção do estado de calamidade", acrescenta Ashikawa.
"Há a questão fiscal, aqui, e os investidores acabam especulando o quanto de dinheiro o governo precisará investir. É lógico que precisa ser resolvido o mais rápido possível, mas isso acaba se refletindo na curva de juros" doméstica, como se viu na terça, observa Pedro Coutinho, sócio da The Hill Capital.
Com a relativa distensão na sessão desta terça-feira, o Ibovespa buscou se reaproximar do limiar dos 130 mil pontos, não visto no intradia desde 29 de fevereiro, e em fechamento desde 28 daquele mesmo mês. Na B3, Petrobras ON e PN avançaram nesta terça 2,42% e 1,22%, nas respectivas máximas do dia no fechamento, enquanto Vale ON mostrou ganho de 0,62% na sessão, mesmo sem a contribuição dos preços do petróleo e do minério de ferro, em baixa nesta terça-feira.
"O Ibovespa trabalhou em alta com parte dos bancos, além de Vale e Petrobras, acompanhando o bom humor dos mercados globais e a continuidade do fechamento da curva de juros após o forte estresse nas últimas semanas", diz Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital. "O Itaú reportou balanço do primeiro trimestre bastante sólido, o que agradou os investidores, e o UBS elevou o preço-alvo da ADR da Vale negociada em Nova York, de US$ 13 para US$ 15", acrescenta.
Dessa forma, entre os grandes bancos, destaque nesta terça para Itaú PN, em alta de 2,07%, em dia negativo para Santander (Unit -0,34%) e Banco do Brasil (ON -0,32%, na mínima do dia no fechamento). Na ponta ganhadora do Ibovespa, Vamos (+13,05%), Rede D'Or (+9,33%) e Hapvida (+4,12%). No lado oposto, Suzano (-12,27%), IRB (-8,77%) e TIM (-6,20%).
Com relação a Brasil, o que se teve de notícias nos últimos dias não foi tão bom, diz Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos, mas o Ibovespa acabou compensando nesta terça um pouco do descolamento anterior em relação ao exterior. "Existe apreensão ainda com relação ao quadro fiscal, que já estava apertado antes mesmo da calamidade no Rio Grande do Sul", acrescenta.