Com Petrobras, Ibovespa sobe 1,74% e retoma os 129 mil pontos; na semana +1%

Autor: Luís Eduardo Leal (via Agência Estado),
sexta-feira, 22/11/2024

Com forte impulso de Petrobras (ON +5,23%, PN +3,98%) após o anúncio de dividendos extraordinários e do Plano Estratégico, e apoio também de Vale (ON +0,97%), o Ibovespa subiu hoje 1,74% e retomou a linha dos 129 mil pontos, em máxima da sessão que coincidiu com o fechamento. Assim, acumulou ganho de 1,04% ante a sexta-feira passada, vindo de quatro semanas em baixa. Hoje, oscilou de mínima na abertura aos 126.944,33 pontos até o pico de 129.125,51, no encerramento, com giro a R$ 22,1 bilhões na sessão. Em porcentual, foi o maior avanço para o índice da B3 desde 4 de novembro, quando havia subido 1,87%. E o nível de 129 mil pontos não era visto em fechamento desde 7 de novembro.

No mês, o Ibovespa segue no negativo, em baixa de 0,45% no intervalo. No ano, ainda cede 3,77%. Além de Petrobras e Vale, o dia foi positivo para o setor financeiro, com destaque entre os grandes bancos para Santander (Unit +3,63%). Na ponta ganhadora do índice, destaque também nesta sexta-feira para Brava (+7,44%), Raízen (+7,00%) e Cosan (+6,10%). No lado oposto, Vamos (-0,65%), Totvs (-0,33%) e Suzano (-0,15%) - apenas estes três dos 86 papéis do Ibovespa fecharam em baixa.

"Foi um dia de recuperação para o Ibovespa, em semana com uma sessão a menos, pelo feriado de quarta-feira. Ainda há tensão em relação ao fiscal, pela demora na apresentação do pacote de cortes de gastos. A curva de juros continua a adicionar prêmio nos vértices, e a recuperação de hoje foi muito movida pelo desempenho de Petrobras", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, destacando também o relatório de receitas e despesas programado para o fim do dia, com bloqueios, segundo ele, abaixo do esperado, a R$ 5 bilhões, que haviam sido antecipados ontem pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

"Governo parece estar mirando não o centro da meta, mas sim a banda inferior da meta de déficit do arcabouço, correspondente a 0,25% do PIB", acrescenta. "Não há solução ainda para o problema estrutural, de forma que a incerteza sobre o fiscal permanece no radar" do mercado, com efeito para os preços dos ativos de risco, diz Spiess. "Dezembro pode até ser positivo, mas ao longo de outubro e novembro houve acúmulo de fatores negativos", que condicionaram as precificações, observa o analista. Ele destaca, em contraste, o desempenho sólido da atividade dos EUA no intervalo, o que dá suporte aos ativos americanos. Assim, no mês, Dow Jones avança 6,07%; S&P 500, 4,63%; e Nasdaq, 5,02% até o fechamento desta sexta-feira.

Para Bruna Centeno, sócia e advisor da Blue3 Investimentos, o "corporativo" predominou na sessão, o que garantiu um dia mais positivo para o Ibovespa, com o índice futuro já sinalizando, desde cedo, desempenho favorável no fechamento da semana. "Petrobras trouxe dividendos extraordinários de R$ 20 bilhões e o plano de negócios para os próximos cinco anos. E os dividendos reforçaram a demanda pelos papéis da empresa na sessão", diz Bruna, acrescentando que o foco nos anúncios da estatal deixou hoje em segundo plano o pacote de cortes de gastos, cuja divulgação já havia sido sinalizada para o começo da próxima semana.

O mercado financeiro manteve nesta semana praticamente o mesmo otimismo com o desempenho do Ibovespa, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. De acordo com o levantamento, 62,5% dos que responderam à pesquisa esperam alta na próxima semana. O número é um pouco inferior ao apurado na semana passada, quando 66,6% estimavam avanço do índice no período atual. As apostas em estabilidade cresceram de 16,6% para 25%. O porcentual de queda caiu para 12,5% na edição de hoje, contra 16,6% na última sexta-feira.