Com incerteza global, trajetória de juros ainda não está definida, diz dirigente do Fed

Autor: Laís Adriana (via Agência Estado),
sexta-feira, 20/12/2024

A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de São Francisco, Mary Daly, afirmou nesta sexta-feira, 20, que pretende equilibrar preocupações com o emprego e riscos de alta dos preços em futuras decisões monetárias. A dirigente defendeu a projeção de apenas dois cortes de juros de 25 pontos-base pelo Fed ao longo de 2025, mas admitiu possibilidade de ajustar este número para mais ou para menos a depender dos desdobramentos da economia.

"A trajetória de juros ainda não está definida, há muita incerteza em nível global", disse, em entrevista à Bloomberg TV. "Não queremos uma recessão ou quebrar a economia, mas acredito que já deixamos este risco para trás e podemos ser pacientes com a política monetária", afirmou Daly. "Posso dizer com certeza que não estou confortável com a inflação em 2,5%, vamos equilibrar isso com os desdobramentos do mercado de trabalho."

Segundo ela, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, em inglês) não quer "ver uma escalada desnecessária da taxa de desemprego", porém, o mercado de trabalho segue mais forte que o previsto e alguns setores continuam com inflação elevada, como o de moradias. A dirigente defende que isso sugere riscos equilibrados para atividade econômica.

"A política monetária está em um nível que apoia ambos os mandatos e seguimos focados em atingir o pouso suave da economia", disse Daly, argumentando que a estratégia de redução gradual dos juros é necessária para avaliar os dados.

Na visão dela, o progresso da inflação rumo à meta de 2% não está estagnado, apesar do ritmo mais lento e das dificuldades no caminho.

A dirigente reiterou que permaneceu dependente de dados na última reunião do Fed, mas não especulou sobre efeitos de possíveis políticas do segundo mandato de Donald Trump nos EUA. "Foi uma decisão difícil, com muitas perspectivas diferentes", afirmou.

Daly votou nas decisões do Fomc neste ano, mas não terá direito a voto nas reuniões monetárias de 2025.