Com câmbio sob pressão, Ibovespa cai 0,25%, a 122,3 mil, após série positiva

Autor: Luís Eduardo Leal (via Agência Estado),
terça-feira, 25/06/2024

Em leve baixa de 0,25% no fechamento, aos 122.331,39 pontos, o Ibovespa interrompeu nesta terça-feira, 25, sequência de cinco ganhos, a sua mais longa série vencedora desde as seis altas consecutivas entre 15 e 22 de fevereiro. Mas, diferentemente daquele intervalo, quando saiu dos 127 mil para os 130 mil pontos, a recuperação desta vez o retirou das mínimas do ano, correção que havia lançado o índice aos 119.137,86 em 17 de junho, o menor nível de fechamento desde 9 de novembro passado.

Em junho, o Ibovespa sustenta leve ganho de 0,19%, derivado do avanço de 0,78% que acumula no agregado das duas primeiras sessões desta última semana do mês. No ano, o índice recua 8,83%. Fraco, o giro desta terça-feira ficou em R$ 15,9 bilhões.

Hoje, o Ibovespa testou mínima abaixo dos 122 mil, aos 121.997,14 pontos (-0,52%) no começo da tarde, mas conseguiu se firmar acima do limiar, preservando a marca pelo segundo fechamento consecutivo, algo que não se via desde a virada de maio para junho - apesar de o dólar ter subido 1,19%, retornando à casa de R$ 5,45 nesta terça-feira, e de a curva de juros doméstica também ter avançado.

"O Ibovespa teve leve queda quando se considera a pressão no câmbio, com o elevado fluxo de investidores levando recursos para fora. Na curva de juros, os vencimentos de 2025 a 2033, todos estiveram em alta hoje. Há muita incerteza ainda com relação ao fiscal e ao endividamento público, o que reforça a saída de recursos do País", diz Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos.

"A postura do Copom é vital para contrabalançar a atitude perdulária do governo. Os juros persistentemente altos, contudo, pesam sobre a Bolsa brasileira, na medida em que não deslocam fluxo da renda fixa para a variável", aponta Felipe Castro, sócio da Matriz Capital.

Destaque da agenda pela manhã, a ata da reunião do Copom na semana passada - quando o Comitê de Política Monetária decidiu por unanimidade manter a Selic em 10,50% ao ano e também sinalizou interrupção do ciclo de cortes da taxa básica de juros - conservou o tom 'hawkish' do comunicado, na avaliação do mercado.

"Outro ponto citado na ata é a grande incerteza em relação à queda de juros nos Estados Unidos. A manutenção de juros mais altos por mais tempo, lá, acaba por atrair mais investidores, que retiram recursos de países emergentes como o Brasil", observa Inácio Alves, analista da Melver, destacando a saída líquida de R$ 41 bilhões da B3 no agregado de 2024, até a sexta-feira, 21.

No mês de junho, houve saque líquido de R$ 5,116 bilhões da B3 pelo estrangeiro, mas há sinais recentes de que, com os descontos que têm se acumulado, a Bolsa pode começar a atrair de volta parte desse fluxo. Assim, na sexta-feira, quando o Ibovespa subiu 0,74%, em sessão com volume reforçado a R$ 30,4 bilhões pelo vencimento de opções sobre ações, os estrangeiros ingressaram com R$ 1,431 bilhão, de acordo com os dados da B3.

"A queda acumulada pela Bolsa pode ser uma oportunidade de entrada", diz Hemelin Mendonça, sócia da AVG Capital. Ela destaca, além da ata desta manhã, outro ponto importante da agenda semanal que pode contribuir para um grau maior de clareza dos investidores com relação ao cenário macro doméstico, como a divulgação do IPCA-15 referente a junho, amanhã, e o relatório trimestral de inflação, na quinta-feira.

Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para JBS (+1,74%), Weg (+1,71%) e Arezzo (+1,45%). No lado oposto, Pão de Açúcar (-3,74%), Vamos (-3,32%) e Magazine Luiza (-2,96%). As ações de primeira linha, em geral, mostraram desempenho negativo na sessão. Vale ON cedeu 0,41% e as perdas para Petrobras ficaram em 0,36% (ON) e 0,08% (PN) nesta terça-feira. Entre os grandes bancos, Itaú PN (+0,31%) e BB (ON +0,30%) conseguiram leve avanço, enquanto Bradesco PN segurou a ponta negativa do segmento, em baixa de 0,80% no fechamento.