Após ter tocado 126,4 mil pontos no piso da sessão - mínima intradia desde 22 de janeiro -, o Ibovespa virou ao longo da tarde e fechou nesta segunda-feira acima da linha d'água, em alta de 0,32%, aos 127.593,49 pontos, tendo se aproximado dos 127,9 mil na máxima de hoje.
Em sessão com poucos catalisadores macro para orientar os negócios - nem mesmo o boletim semanal Focus, com divulgação adiada de hoje para amanhã - e à espera da sequência da temporada de resultados trimestrais no Brasil, com destaque para os números do Itaú (PN +1,89%) após o fechamento desta segunda-feira, o giro na B3 ficou limitado a R$ 19,6 bilhões na abertura da semana. Nas três primeiras sessões do mês, o Ibovespa cai 0,12% e, no ano, cede 4,91%.
Entre as ações de maior peso no índice, além de Itaú PN, destaque também para outros nomes do setor, em especial Bradesco (ON +1,98%, PN +2,02%). Petrobras também foi melhor à tarde, com a mudança de sinal do petróleo, que favoreceu a PN (+0,44%), enquanto a ON perdeu força perto do fim, sem variação no fechamento. Vale ON, por sua vez, seguiu em baixa, de 0,86%, em dia misto para o setor metálico - destaque para alta de 1,46% em CSN ON. Na ponta do Ibovespa, além das ações de Bradesco e Itaú, destaque também para WEG (+2,06%), JBS (+2,00%) e Ultrapar (+1,95%). No lado oposto, Soma (-6,74%), Cogna (-6,34%), Azul (-5,97%) e Arezzo (-5,49%) - que teve a fusão com a Soma confirmada e detalhada nesta segunda-feira.
Na semana passada, no dia 31, quando as conversas entre as duas empresas sobre junção de operações foram confirmadas em fato relevante ao mercado, ambos os papéis haviam disparado, com Soma em alta de quase 17% e Arezzo, de 12%, naquela sessão.
"Os juros futuros subiram em bloco, afetando ações do ciclo doméstico como Locaweb -4,87%, Cogna e Casas Bahia -3,06%, sensíveis às variações dos DIs. Os juros futuros acompanharam hoje as taxas lá fora, que ainda reagem aos dados de emprego além do esperado nos Estados Unidos, bem como ao PMI índice de atividade acima da média. Com isso, os investidores passam a pedir mais prêmio na curva de juros no Brasil", diz Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed.
O índice de consumo, com exposição à economia doméstica, caiu hoje 0,42%, enquanto o de materiais básicos, correlacionado a preços e demanda formados no exterior, fechou também no negativo, em baixa de 0,10%.
Em nota, a Guide Investimentos observa que, globalmente, os ativos de risco iniciaram a semana sem direção única antes mesmo da abertura de Wall Street, com os índices futuros de Nova York sinalizando perdas após pregão positivo na Ásia - "onde investidores reagiram a novas promessas do governo chinês sobre a estabilização da segunda maior economia". "Paralelamente, os juros dos Treasuries e o dólar índice voltaram a subir", na medida em que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, segue realinhando as expectativas do mercado quanto aos juros de referência, em entrevista no fim de semana que fez com que os rendimentos avançassem hoje.
Assim, em Nova York, as perdas nos principais índices de ações ficaram entre 0,20% (Nasdaq) e 0,71% (Dow Jones) no fechamento desta segunda-feira. No Brasil, o dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,27%, a R$ 4,9818, tendo chegado na máxima da sessão à faixa de R$ 5,01.
"Os dados do mercado de trabalho americano em janeiro, muito acima do esperado na divulgação da última sexta-feira, já haviam reforçado essa percepção de que os juros nos Estados Unidos vão demorar mais para começar a cair", diz Alan Soares, analista da Toro Investimentos. "E Jerome Powell, o presidente do Fed, em suas mais recentes declarações, têm procurado reforçar o compromisso do BC dos Estados Unidos com o cumprimento da meta de inflação, de 2% ao ano", acrescenta o analista.
Assim, o rendimento da T-note de 10 anos tocou hoje a marca de 4,17% na máxima do dia, com o do T-bond de 30 anos indo a 4,35%, e o dos títulos públicos americanos com vencimento em 2 anos, mais correlacionados à perspectiva de curto prazo para a política monetária, chegaram a 4,49% durante a sessão.