O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, relatou nesta quinta-feira, 19, que uma das discussões do Comitê de Política Monetária (Copom) é sobre a materialização de riscos que, segundo ele, nunca é binária. "Não tem uma materialização que é ou não é, mas vai entrando no preço à medida que aconteça", disse durante entrevista coletiva sobre o Relatório Trimestral de Inflação, o último compromisso público do qual deve ter participado ainda à frente do BC.
Como exemplo de fatores binários, Campos Neto citou a eleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "Ele foi eleito, então isso aconteceu e a gente não pode ter uma incerteza em relação à eleição, porque ele já foi eleito", disse.
O presidente do BC complementou o raciocínio dizendo que, por outro lado, em relação às políticas americanas, ainda pode haver incertezas. "Existe uma incerteza sobre a desaceleração (da atividade) dos Estados Unidos e, à medida que o tempo vai passando, vamos tendo menos incertezas", pontuou.
Ele continuou dizendo que algumas assimetrias apontadas no balanço de riscos (da comunicação do BC) se materializaram. "A gente queria colocar isso, mas não queria fazer isso mudando o balanço de riscos porque tem risco que está se materializando, mas ele ainda existe, ainda que possa ter mudado em intensidade", considerou.