O governo brasileiro, por meio do Ministério de Minas e Energia (MME), assinou nesta segunda-feira, 18, um memorando de entendimento para viabilizar a chegada de gás argentino dos campos de Vaca Muerta ao mercado brasileiro. A assinatura ocorreu durante a cúpula de líderes do G20, nos termos já mostrados pelo Estadão/Broadcast.
O acordo prevê a criação de um grupo de trabalho com técnicos dos dois países para identificar medidas de infraestrutura que permitam a chegada do gás ao território brasileiro, no que são cogitadas a inversão do gasoduto Brasil-Bolívia, o Gasbol, ou outras rotas, menos prováveis, que passariam pela construção novos gasodutos capazes de ligar a malha argentina diretamente ao Brasil em Uruguaiana (RS) ou atravessando os territórios do Paraguai ou do Uruguai, dizem pessoas que participaram da reunião.
No X, nesta tarde de segunda-feira, 18, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a importação de gás natural do vizinho deve ser feita por cinco rotas.
Operadores do mercado ouvidos pelo Estadão/Broadcast descartaram as chances de rotas que exijam novos gasodutos. Isso porque o investimento necessário para essas alternativas seria muito maior e teria de ser privado em função da situação econômica da Argentina.
O acordo foi assinado por Silveira e pelo ministro da economia argentino, Luís Caputo, que conforme apurou o Estadão/Broadcast destacou a importância da parceria para a relação bilateral entre os dois países, abalada desde a eleição de Javier Milei na Argentina.
Em defesa do método de extração
Silveira disse nesta segunda-feira, 18, ser favorável à realização de estudos sobre gás oriundo de fraturamento hidráulico, o fracking, em qualquer lugar do mundo, desde que feitos corretamente.
"A questão da produção de petróleo e gás não é uma questão de oferta, mas de demanda. Enquanto houver demanda de petróleo, alguém vai ter que fornecer. Já importamos gás de fracking dos Estados Unidos, e agora vamos importar da Argentina", disse Silveira.
O fraturamento hidráulico é um método que possibilita a extração de combustíveis líquidos e gasosos do subsolo. Também é denominado fratura hidráulica, estimulação hidráulica ou pelo termo da língua inglesa fracking.
"Se fizermos de forma adequada e for a necessidade do Brasil, ainda defendo que tenha estudos sobre fracking em qualquer lugar do mundo até (a conclusão) de uma transição segura", disse.
Silveira falou a jornalistas durante a Cúpula do G20, no Rio. Ele foi questionado se sua posição sobre o fracking não contradiz a defesa brasileira por enfrentamento das mudanças climáticas no fórum dos 20 países mais ricos do mundo. "Não tem contradição. Pelo contrário, tem bom senso", disse ao lembrar que o governo brasileiro defende uma transição energética justa e que o gás será o combustível da transição.