Membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), Fabio Panetta afirmou nesta quarta-feira, 22, que a instituição deverá seguir com decisões dependente de dados, evitando pré-compromissos nas próximas decisões. Porém, ele fez a ressalva de que o aperto monetário deve ser calibrado com prudência.
O dirigente participou de evento em Frankfurt e destacou que, diante das tensões financeiras do sistema bancário, é necessário adaptar a política monetária aos riscos financeiros e aos fatos geopolíticos, além de considerar a forma como os choques econômicos estão sendo transmitidos na economia.
De acordo com Panetta, o aperto global também pode ser amplificado pelas recentes tensões financeiras nos mercados bancários. "Além de seu impacto na confiança, essas tensões bancárias tornarão os bancos mais sensíveis a saídas de depósitos, induzindo-os a transferir os aumentos de juros mais rapidamente - e em maior medida - para seus clientes em ambos os lados do balanço."
Panetta ainda acrescentou que o BCE deve estar preparado para intervir em caso de disfunções do mercado.
Estabilidade de preços
O dirigente do BCE afirmou ainda que a instituição deverá manter o foco no mandato principal de garantir a estabilidade de preços e manter a postura desinflacionária até haver sinais concretos de que a inflação está retornando à meta de 2% ao ano.
Segundo o membro do Conselho do BCE, as expectativas da inflação segue ancoradas com a meta, mas a preocupação da persistência da inflação torna a projeção do núcleo mais desafiadora.
Para Panetta, há um movimento de empresas para aumentar a margem de lucro ao manter os preços altos, apesar da diminuição dos valores no atacado. "Precisamos monitorar os riscos de que a espiral de preço-lucro torne o núcleo da inflação mais rígido."
Ainda, apesar do crescimento dos salários nos próximos três anos estarem consistentes com as projeções, o BCE não pode eliminar o cenário de uma aceleração mais forte, segundo Panetta.
Fraqueza de demanda
O dirigente do BCE destaca que, apesar da demanda vir apresentando sinais de arrefecimento na zona do euro e nos Estados Unidos, as incertezas sobre as condições globais de oferta e demanda seguem elevadas.
Panetta aponta que a reabertura da China poderá ter um efeito ambíguo na inflação global, podendo reduzir os preços dos setores em que o país possui mercado de exportação, mas também podendo elevar valores de commodities ou em outros produtos nos quais a China é grande importadora.