Em meio à escalada do dólar, que permanece acima dos R$ 6 praticamente desde que o governo anunciou o pacote fiscal, no final de novembro, o Banco Central (BC) fez nesta segunda-feira, 16, uma nova intervenção no mercado. Logo após a abertura do mercado, quando a cotação da moeda americana chegou a R$ 6,0986 (alta de 1,12%), o BC anunciou um leilão de moeda à vista, no valor total de US$ 1,6 bilhão - o lote foi todo vendido, a R$ 6,04.
Mais tarde, foi feito um novo leilão, de US$ 3 bilhões, com compromisso de recompra (o chamado leilão de linha). Esse lote também foi todo vendido.
Mesmo assim, não foi suficiente para o mercado. Às 11h37, o dólar à vista tinha alta de 0,58%, cotado a R$ 6,0663. A moeda americana acumula nos últimos 30 dias uma alta de 4,80% e, no ano, de quase 25%.
Essas ofertas de liquidez feitas nessa segunda-feira visam a suprir a demanda maior de empresas para remessas de dividendos de fim de ano ao exterior, mas não desviam o dólar do sinal de alta, que reflete uma enorme cautela do mercado financeiro com o cenário fiscal.
A apresentação de um pacote de contenção de gastos pelo governo teve efeito contrário ao esperado: ampliou as desconfianças do mercado em relação à capacidade do executivo de melhorar as contas públicas, o que teve efeito direto no câmbio.
Por conta dessa desconfiança, na última semana o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu endurecer a política monetária, elevando a taxa de juros em 1 ponto porcentual (de 11,25% para 12,25%), e sinalizando mais duas altas de mesma magnitude nas reuniões seguintes.
Agenda apertada
O mercado monitora também declarações feitas nesta manhã pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que garantiu que o governo irá cumprir a meta fiscal. Segundo ele, o presidente Lula está "a par da situação das medidas fiscais no Senado e na Câmara".
A Câmara dos Deputados tem sessão deliberativa extraordinária virtual no plenário marcada para as 17h desta segunda e inicia a semana com a expectativa de votação da regulamentação da reforma tributária e das três propostas ligadas ao pacote fiscal. Diante dos esforços do Palácio do Planalto pela liberação de emendas, a avaliação é de que há possibilidade de que o conjunto de regras avance a partir desta segunda-feira.
O tempo é curto, de uma semana, para votação do pacote de cortes de gastos de R$ 70 bilhões na Câmara e no Senado, até sexta-feira, antes do recesso parlamentar, que começa no dia 23 e vai até 1º de fevereiro de 2025. Também são esperadas as votações da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA).