O Banco Central divulgou nesta quinta-feira, 29, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), suas projeções de inflação de curto prazo, que abarcam os meses de junho a setembro. Em relação ao IPCA - índice de inflação oficial - de junho, o BC destacou que houve revisão na estimativa divulgada no RTI de março, de alta de 0,29% para queda de 0,08%, devido às estimativas mais baixas para alimentação no domicílio e bens industriais. No caso de bens, o principal vetor é o programa governamental de desconto em veículos, iniciado este mês.
"A medida, que dispõe sobre mecanismo de desconto patrocinado na aquisição de veículos, deve resultar em queda nos preços de automóveis em junho, com reversão parcial desse efeito nos meses seguintes."
A previsão do BC para o IPCA de julho é de aumento de 0,29% e, para agosto, é de elevação de 0,25% e, setembro, alta de 0,26%. Em 12 meses, a inflação cede de 3,94% em maio para 3,16% em junho, ainda refletindo as desonerações tributárias criadas no ano passado, mas atinge 5,38% em setembro, segundo os cálculos da autoridade monetária.
Segundo o BC, o cenário de referência até setembro contempla variações baixas nos preços de alimentos, em linha com a sazonalidade favorável e com a evolução benigna dos preços de produtos agropecuários no atacado.
Entre os administrados, os preços da gasolina deverão ser pressionados por mais uma etapa da reoneração dos impostos federais no início de julho, com compensação parcial da dissipação das altas observadas no trimestre anterior nos preços de produtos farmacêuticos, jogos de azar e tarifas de água e esgoto.
O BC disse ainda que espera a incorporação de variações menores em plano de saúde, tendo em vista o anúncio pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de um limite máximo para reajuste de planos individuais e familiares regulamentados inferior ao autorizado no ano anterior.
Sobre os industriais, o BC disse que o panorama para os próximos meses depende dos efeitos da medida de descontos de veículos, que será renovada, conforme disse na quarta-feira, 28, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
"Há incerteza quanto a esses efeitos, tanto em relação ao impacto em junho, quanto à magnitude da sua reversão após o fim dos descontos patrocinados pelo governo", disse o BC, completando que, excetuando-se a medida, o caminho é de desinflação para o grupo.
Para o componente subjacente de serviços, o BC vê retomada da desinflação iniciada em meados de 2022, mas de forma lenta. Já a média dos núcleos de inflação deve seguir em trajetória de queda, mas ainda acima da meta de inflação.