O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a dizer que a batalha da inflação no País ainda não está ganha, com uma parte ainda bastante acima da meta, o que ainda demanda um quadro restritivo de juros em meio ao processo de afrouxamento monetário. Campos Neto, porém, não deu dicas sobre o quão restritiva terá de ser a política monetária para controlar a inflação. "Vai depender do caminho que vamos tomar e das variáveis até lá", disse, em entrevista gravada ao Amarelas on Air, da
Revista Veja. Nesse sentido, Campos Neto afirmou que há consenso no Comitê de Política Monetária (Copom) para continuidade de cortes de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic. No início do mês, o Copom decidiu pela primeira queda dos juros de 13,75% para 13,25% ao ano. Campos Neto citou que a parte de serviços da inflação está melhor, mas não como o Copom gostaria. "E a expectativa de inflação está em 3,5% quando a meta é 3%." Na entrevista, questionado sobre uma percepção de que o BC demorou a reduzir os juros, Campos Neto disse ter dificuldade em ver que a autoridade monetária tenha demorado para apertar ou para afrouxar a política monetária. "Foi o primeiro BC a subir os juros e um dos primeiros a cair também", disse, repetindo que a autarquia teve visão privilegiada sobre a persistência da inflação após a pandemia de covid-19. "Percepção de outros BCs é de que BC aqui foi rápido e forte, mesmo em ano de eleição", completou, reforçando o argumento de autonomia da instituição.
China e EUAO presidente do Banco Central destacou as mudanças recentes no cenário internacional, com mais preocupações com o quadro da China e dos Estados Unidos, na entrevista ao Amarelas on Air, da
Revista Veja. Segundo ele, duas coisas principais ocorreram: um temor maior com o panorama fiscal dos EUA e a deflação na China, que reforça a expectativa de desaceleração da economia do país asiático. "O fiscal dos EUA, que está bastante expansivo, começou a cobrar seu preço. Houve o alerta da Fitch sobre a dívida americana e depois houve um pouco de mau humor dos mercados. Na China, houve um dado de deflação totalmente inesperado e parece que a economia está desacelerando. Os dados de envelhecimento da população mostram que está muito mais acelerado do que se imaginava." Campos Neto avaliou que a China não tem tanto espaço para corte de juros e que os movimentos já feitos "não fazem tanta diferença assim". Além disso, destacou que a crise no setor imobiliário chinês parece mais grave do que o esperado. "A China não faz parte dessa sincronia global da política monetária, eles têm mundo à parte. Subiram os juros quando quase todo mundo estava caindo e agora estão caindo quando grande parte do mundo desenvolvido ainda está subindo."