A desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro na passagem do segundo para o terceiro trimestre deste ano ainda não tem influência do novo ciclo de alta na taxa básica de juros, a Selic, mas sim da base de comparação elevada, avaliou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O PIB cresceu 0,9% no terceiro trimestre ante o segundo trimestre, após um avanço de 1,4% no trimestre anterior.
"A política monetária mais restritiva não tem efeito nenhum sobre esse terceiro trimestre, já que o primeiro aumento (na Selic) foi já no final de setembro", lembrou Palis, acrescentando que, ainda que o período de referência não compute o ciclo de altas, o impacto dos juros sobre a economia costuma ser defasado. "No terceiro trimestre não tem tanto esse impacto, apesar de que os juros estão num patamar elevado", acrescentou.
O PIB completou treze trimestres consecutivos de crescimento, alcançando assim um novo patamar recorde no terceiro trimestre de 2024.
"Está com um patamar elevado, porque a gente cresceu muito no primeiro trimestre (1,1%), e no segundo trimestre (1,4%). Mas pode ser também alguma desaceleração, não muito relevante ainda, na economia", opinou Palis.
No resultado do terceiro trimestre, de alta de 0,9%, Palis disse que o destaque foi a continuidade no crescimento do consumo das famílias (1,5%), mas acompanhado de uma alta ainda maior do investimento (2,1%), com todos os seus componentes também em expansão. Pelo lado da oferta, os serviços (0,9%) e a indústria de transformação (1,3%) puxaram alta no PIB, concluiu a pesquisadora.