A calmaria nos mercados de ações internacionais e a alta de 2,35% do minério na China estimulam valorização do Ibovespa no começo desta segunda-feira - a última de outubro. Nesta segunda-feira, ficam no foco a apresentação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no exterior, e os dados da produção da Petrobras. Nos próximos dias a agenda ganhará força. Aqui, saem números de emprego e fiscais, além de balanços do Bradesco e do Santander. Lá fora, inflação e o relatório de emprego payroll nos Estados Unidos são destaques.
Após abrir em torno dos 129 mil pontos, o Índice Bovespa foi aos 131 mil pontos, com as ações da Petrobras reduzindo o ritmo de queda. Em Nova York, as bolsas abriram com ganhos. Ainda ficam no foco o anúncio de cortes de despesas pelo governo federal nos próximos dias e os balanços do Bradesco e Santander, além de dados de produção da Petrobrás no final do dia.
A alta na carteira do Ibovespa é quase geral e é puxada especialmente por ações mais sensíveis ao ciclo econômico, dado o alívio na curva de juros brasileira e na maioria dos rendimentos dos Treasuries, além das ligadas ao minério de ferro. O dólar à vista, por sua vez, retomou queda discreta.
O recuo da moeda norte-americana ante o real ocorre a despeito da desvalorização do petróleo acima de 5,00%. Aliás, por conta disso, boa parte da queda na carteira teórica é composta por papéis ligados à commodity, diante se sinais de distensão geopolítica.
Na avaliação do estrategista-chefe da BGC Liquidez, Daniel Cunha, apesar do recuo do petróleo no exterior, sinais de alívio geopolítico provocam maior propensão ao risco nos mercados. "Tirando as preocupações fiscais e com inflação no Brasil, o foco fica todo no exterior, com o maior risco global sendo a eleição presidencial americana na semana que vem", diz Cunha.
Diante de uma agenda carregada, não se pode descartar volatilidade do Ibovespa, pontua Rubens Cittadin, operador variável da Manchester Investimentos. Por ora, diz, a elevação do minério ferro diante de expectativas de anúncio de medidas na reunião legislativa chinesa na próxima semana ajuda, na contramão do recuo do petróleo que pesa nas ações da Petrobrás.
Após cederem em torno de 2,00, os papéis da estatal moderavam as perdas para cerca de 1,00% perto das 11 horas. O petróleo, que chegou a ceder 6,00%, caía na faixa de 5,00%, diante do alívio causado pelo ataque apenas limitado de Israel contra o Irã, que poupou a infraestrutura petrolífera do país e evitando, por ora, uma guerra total no Oriente Médio.
"Pode ser uma semana de bastante volatilidade. Sairão dados do mercado de trabalho e de inflação dos Estados Unidos. Aqui, a mediana do IPCA no Focus veio forte, o que pode resultar em uma inflação final maior e uma Selic alta por mais tempo", diz Cittadin, operador variável da Manchester Investimentos. Porém, o operador ressalta que há um processo de aceleração da economia o que pode ser bem visto diante deste quadro. "Os investidores ainda aguardam balanços como Bradesco."
Apesar do reflexo da desvalorização do petróleo nas ações da Petrobras, o recuo pode gerar apostas de declínio nos preços dos combustíveis à frente e aliviar as projeções para a inflação futura no Brasil. Aliás, as expectativas seguiram acelerando no Focus. A mediana do para o IPCA de 2024 subiu de 4,50% para 4,55%, superando o teto da meta de inflação (4,50%), e avançou também para 2025.
Cunha, da BGC Liquidez, avalia que a política monetária de 2024 já prescreveu, ou seja, a elevação nas projeções de IPCA em 2024 não tendem a influenciar as seguintes decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), mas deixar uma inércia para 2025. "O impacto fica mais para frente", diz, citando que a BGC mantém projeção de 5,20% para o IPCA fechado de 2024, considerando alguns choques principalmente em preços de alimentos.
Às 11h09, Ibovespa tinha alta de 0,85%, aos 131.000,87 pontos, ante elevação de 0,98%, com máxima aos 131.171,15 pontos, e mínima de abertura aos 129.893,71 pontos (variação zero). Petrobras em torno de 0,80%, enquanto Vale avançava 1,20%. Azul PN liderava os ganhos, com 10,26%, em meio ao recuo do petróleo e após acordo com credores. Só oito ações cediam, de um total de 86.