FMI alerta para risco de superaquecimento na AL

Autor: Da Redação,
terça-feira, 03/05/2011

Pressões de superaquecimento estão emergindo na América Latina, o que torna imperativo o aperto das políticas monetária e fiscal, afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI) no Relatório de Perspectiva Econômica Regional divulgado hoje. Segundo o FMI, os fortes fluxos de entrada de capital, a expansão da demanda doméstica e a receita das exportações de commodities (matérias-primas) têm puxado o robusto crescimento da região, mas também têm gerado preocupações com a inflação.


"Os altos preços das commodities e as condições de financiamento externo fáceis, somadas às políticas macroeconômicas ainda acomodatícias, estão elevando a atividade econômica acima do seu nível potencial", disse o FMI no relatório. O FMI prevê uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) da região de 4,75% em 2011 e de 4% em cada um dos dois anos seguintes. Na América do Sul o crescimento deverá se moderar em comparação com a média de 6,5% em 2010.


A demanda doméstica vai guiar boa parte desse crescimento, de acordo com o FMI, liderada pelos exportadores de commodities da América do Sul, embora isso será levemente moderado pela esperada retirada dos estímulos que essas economias implementaram para combater o impacto da crise global de 2008-2009. Se as economias da América Latina não apertarem as políticas monetária e fiscal o suficiente para desacelerar a demanda doméstica, a inflação e os atuais déficits em conta corrente podem aumentar, levando a uma dinâmica de bolhas, alertou o FMI.


A América Latina recebeu grandes fluxos de investimento estrangeiro desde o fim da crise financeira global. O FMI prevê que essa tendência continuará se as baixas taxas de juros globais, a baixa aversão ao risco e a perspectiva relativamente fraca para as economias avançadas persistirem. Mas esses capitais poderão se reverter, especialmente se os EUA apertarem a política monetária, afirmou o FMI, acrescentando que a exposição financeira da América Latina aos EUA é de 25% em média, contra 17% de outras economias emergentes.


Riscos adicionais para a economia global incluem as grandes dívidas europeias, as incertezas sobre as ofertas de petróleo e a fraca disciplina fiscal nos EUA. "Os riscos negativos para a perspectiva global destacam a necessidade de formar colchões de política e se proteger contra uma eventual reversão dos fluxos de capital", afirmou o FMI.


Câmbio


Os fluxos de capital estrangeiro têm provocado valorização nas moedas de vários países da América Latina, à medida que os investidores buscam yield (retorno) em um ambiente de taxas de juros baixas entre as economias mais desenvolvidas. O FMI, no entanto, atribuiu o fortalecimento das moedas em boa parte aos fundamentos econômicos e comerciais mais fortes na região.


A desaceleração mundial nos fluxos para mercados emergentes iniciada em outubro do ano passado ajudou a estancar os grandes volumes de entrada de capital, observou o FMI, à medida que a economia dos EUA mostrou sinais de recuperação.


O FMI comentou também que países como Brasil e Peru têm tomado medidas para limitar o crédito. O fundo notou que o crescimento real do crédito na América Latina está se acelerando, excedendo os 20% em alguns países, o que aumenta as preocupações sobre uma dinâmica de bolhas. As informações são da Dow Jones.