Sem reformas, retomada pode ser 'voo de galinha', diz Luiz Carlos Trabuco

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 14/03/2018

ÉRICA FRAGA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ainda é cedo para comemorar a recente recuperação econômica brasileira e, sem reformas para conter o buraco nas contas públicas, a retomada será apenas um voo de galinha.

Essa foi uma das conclusões de uma discussão sobre os cenários para o Brasil durante o Fórum Econômico Mundial para América Latina, em São Paulo.

Segundo Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho de administração do Bradesco, os números positivos dos últimos meses são parte de um processo de recuperação cíclica que é normal após recessões profundas, como a vivida pelo Brasil entre 2014 e 2016.

"As bases [de comparação] são tão baixas que a recuperação é uma mudança de ciclo. Mas tem o risco de ela só tenha a duração do ciclo, o que uns podem chamar de voo de galinha. Por isso nem podemos comemorar muito", disse Trabuco, um dos participantes da mesa.

Segundo o executivo, sem reformas, as medidas para conter o déficit fiscal -como a adoção de um teto para limitar o crescimento das despesas do governo- se tornarão insustentáveis. E isso, ressalta Trabuco, poderá levar a um questionamento sobre a capacidade de solvência do país.

"Teto do gasto público é algo muito importante, mas é uma carta de intenção. É um desejo", afirmou.

O governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB para a eleição presidencial de outubro, ressaltou que, se for eleito, a reforma da Previdência seria uma prioridade: "essas reformas precisam ser feitas no início, no primeiro ano de governo".

Segundo ele e outros integrantes do painel, como o jornalista Paulo Sotero, diretor do Woodrow Wilson Center, além de importante para ajudar a conter o déficit público, a revisão das aposentadorias de funcionários do setor público é uma questão de justiça social.

"Acho que a reforma da Previdência precisa ser vista com essa ótica, porque não é justo que a elite do setor público receba uma aposentadoria 10, 15 vezes maior que a dos funcionários do setor privado", afirmou Sotero.