Economista Regis Bonelli morre aos 74 anos

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 13/12/2017

ÉRICA FRAGA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um dos pesquisadores que mais contribuíram para o estudo sobre os fatores que limitam o crescimento brasileiro, o economista Regis Bonelli, da FGV (Fundação Getulio Vargas) e do Ipea (Instituto de Estudos de Política Econômica), morreu nesta quarta-feira (13).

Além do rigor acadêmico, Bonelli era reconhecido entre os colegas por seu jeito gentil e diplomático. Em sua carreira extensa, ocupou os cargos de diretor do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e diretor-executivo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Foi um dos fundadores do Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos), grupo formado pela FGV que se dedica a marcar o início e o fim de períodos de expansão e queda da atividade no Brasil, em meados da década passada.

Em coautoria com o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, um de seus melhores amigos, Bonelli deu contribuição importante para a pesquisa sobre crescimento e produtividade da economia brasileiros, com trabalhos relevantes sobre o tema publicados a partir da década de 1970.

Segundo Samuel Pessoa, colega de Bonelli na FGV, o economista foi um dos primeiros a perceber que o ciclo de forte crescimento do Brasil durante a ditadura militar era insustentável.

"Da geração dele, o Regis foi quem mais pautou o tema da produtividade que, do ponto de vista do crescimento, é nosso maior problema no Brasil", diz Pessoa, que é colunista da Folha de S.Paulo.

Pessoa lembra que o diagnóstico de Bonelli e Malan sobre os limites de "dobrar a aposta" na política econômica para forçar taxas altas de crescimento acabou sendo usado como paralelo em relação à administração de Dilma Rousseff. Bonelli concordava com as semelhanças entre os dois períodos.

A eficiência da economia brasileira continuou sendo seu objeto de pesquisa nos anos seguintes. No início dos anos 2000, Bonelli acompanhou como avançava a produtividade do trabalhador brasileiro.

Por conta de sua personalidade afável e vida acadêmica intensa, Bonelli tinha uma vasta lista de contatos, o que, segundo colegas, o colocava sempre como organizador de seminários e palestras.

O economista Mansueto de Almeida, secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, ressaltou em um post de seu blog que Bonelli era "um economista rigoroso e de excelente formação" além de ser "uma pessoa muito educada e gentil com a rara capacidade de iluminar o dia de todos aqueles que conviviam com ele."

Doutor em economia pela Universidade de Berkeley, na Califórnia, Bonelli também foi membro do conselho de administração do BNDES e do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisas).

O economista morreu aos 74 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência de um câncer.