Bolsa sobe após duas quedas, mas política segue no radar

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 18/10/2017

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira voltou a fechar em terreno positivo nesta quarta (18), após duas sessões seguidas no vermelho, com ajuda de ações de varejistas e apesar da pressão negativa da Vale. O dólar terminou o dia com leve queda, cotado a R$ 3,16, na contramão da valorização da moeda americana no exterior.

O Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas, teve alta de 0,51%, para 76.591 pontos.

O dólar comercial fechou em baixa de 0,12%, para R$ 3,165. O dólar à vista recuou 0,09%, para R$ 3,172.

O dia foi de recuperação no mercado acionário local, após duas baixas. O vencimento de opções sobre índice acabou deixando o mercado mais volátil, mas durante a tarde a Bolsa firmou a tendência de alta, afirma Alexandre Wolwacz, sócio-fundador do Grupo L&S.

Os investidores voltaram novamente a analisar o cenário político, com a retomada das discussões em torno da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.

Temer e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco são acusados de integrarem uma organização criminosa que teria recebido ao menos R$ 587 milhões de propina. O presidente também é acusado de obstruir a Justiça. Todos negam as acusações.

As eleições de 2018 também preocupam o mercado, diz Wolwacz. "Não existe um nome muito sólido, tirando Lula [PT], que o mercado não vê com bons olhos. Todos esses aspectos colocam o mercado em modo de espera", diz.

AÇÕES

Das 59 ações negociadas no Ibovespa, 45 subiram, 12 caíram e duas fecharam estáveis. O volume financeiro negociado no pregão foi de R$ 9,403 bilhões, em dia de vencimento de índice, o que aumenta o giro.

A alta das ações de varejistas foi destaque dessa sessão. Os papéis da Lojas Renner lideraram as altas, com avanço de 4,31%. As ações do Pão de Açúcar subiram 3,97%, enquanto a Lojas Americanas avançou 2,22%. Fora do Ibovespa, as ações da B2W avançaram 8,73%, e as da Magazine Luiza dispararam 10,85%.

"O setor veio forte hoje, em linha com as expectativas de que o segmento costuma ganhar um pouco mais de força no segundo semestre", disse Wolwacz.

Nesta quarta, a Amazon abriu seu site para venda de eletrônicos de outros vendedores, em movimento cujo impacto sobre as varejistas ainda vai ser medido mais detidamente pelos analistas.

As ações mais negociadas da Petrobras fecharam em alta de 0,19%, para R$ 16,16, acompanhando o avanço dos preços do petróleo. Os papéis ordinários fecharam estáveis em R$ 16,61. Os preços do petróleo subiram após uma queda surpreendente nas taxas de refino dos Estados Unidos e uma alta inesperada nos estoques de gasolina, que sinalizaram uma menor demanda no maior consumidor de petróleo do mundo.

A mineradora Vale viu seus papéis caírem nesta sessão. Os papéis ordinários recuaram 0,95%, para R$ 32,27, e os preferenciais tiveram baixa de 0,63%, para R$ 29,78.

Os papéis da JBS recuaram 1,45%, após notícias de que a empresa paralisou, por tempo indeterminado, as atividades de compra e abate de carne bovina em suas sete unidades instaladas em Mato Grosso do Sul.

A maioria das ações do setor financeiro fechou em baixa. As ações preferenciais do Bradesco tiveram baixa de 0,44%, e as ordinárias recuaram 0,38%. As units —conjunto de ações— do Santander Brasil terminaram estáveis. O Banco do Brasil teve baixa de 0,35%. Na contramão, o Itaú Unibanco subiu 0,18%.

DÓLAR

No mercado cambial, o dólar ganhou força ante 16 das 31 principais moedas do mundo.

"Lá fora, o dólar se valorizou pela expectativa da escolha do novo presidente do banco central dos Estados Unidos [o Fed], e também pela liberação de documento com indicações sobre a situação econômica americana", explicou Wolwacz.

Segundo o livro Bege, do Fed, a economia americana cresceu a um ritmo de modesto a moderado em setembro até o início de outubro, apesar do impacto de furacões em algumas regiões. O documento viu ainda poucos sinais de aceleração na inflação nos EUA.

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) recuou 1,36%, para 175,1 pontos. Foi o sexto dia de queda do indicador.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados com vencimento mais curto tiveram queda. O DI para janeiro de 2018 recuou de 7,368% para 7,343%. A taxa para janeiro de 2019 ficou estável em 7,260%.