Governo tenta tranquilizar mercado após derrota na reforma trabalhista

Autor: Da Redação,
terça-feira, 20/06/2017

BRUNO BOGHOSSIAN E GUSTAVO URIBE

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Palácio do Planalto tratou como "descuido" a derrota do relatório do governo para a reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, nesta terça-feira (20). Da Rússia, onde está em viagem oficial, o presidente Michel Temer acionou ministros e líderes da base aliada para tentar tranquilizar o mercado financeiro.

Os ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Dyogo Oliveira (Planejamento), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), além de parlamentares governistas, foram mobilizados para dizer a investidores que o cronograma da reforma está mantido e que o projeto deve ser aprovado até o fim de julho.

No início da tarde, a Bovespa caía 1,6% e o dólar tinha alta de 1,5%.

A estratégia do governo agora é manter o cronograma da reforma, em uma tentativa de transmitir ao mercado e ao mundo político um sinal de que Temer não considera a derrota desta terça-feira um revés.

Articuladores políticos do Planalto preveem que a Comissão de Constituição e Justiça deve aprovar por 16 votos a 10, um relatório do senador Romero Jucá (PMDB-RR) a favor do texto, no dia 28.

A ideia é levar ao plenário na última semana de junho os relatórios aprovados nas três comissões do Senado. Por ora, o governo pretende dar prioridade ao relatório da Comissão de Assuntos Econômicos, do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES).

O governo vai mapear os votos em plenário a partir da semana que vem. As estimativas iniciais dão conta de que o Planalto pode ter o apoio de cerca de 50 dos 81 senadores.

Entre integrantes da comitiva presidencial na Rússia, a avaliação é a de que o governo e seus aliados deixaram escapar três votos, que dariam uma vitória ao Planalto na comissão.

Segundo articuladores políticos de Temer, o governo contava com as ausências dos senadores Hélio José (PMDB-DF) e Eduardo Amorim (PSDB-SE), mas ambos compareceram e votaram contra o projeto. Já Sérgio Petecão (PSD-AC) era contabilizado como um voto a favor do Planalto, mas ele não foi à comissão e seu suplente votou contra o texto.

Em caráter reservado, o Planalto atribui o voto contrário de Hélio José à influência do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). A ausência de Petecão também é vista com desconfiança, como um movimento deliberado do senador.