Selic pode cair menos que 1 ponto percentual na próxima reunião, diz BC

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 31/05/2017

MAELI PRADO

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em comunicado da decisão em que cortou 1 ponto percentual na taxa básica de juros, levando a Selic a 10,25% ao ano, o Banco Central afirmou que a economia será prejudicada se as incertezas em torno das reformas durarem muito tempo e sinalizou que pode reduzir o ritmo de cortes na Selic na próxima reunião.

"Em função do cenário básico e do atual balanço de riscos, o Copom [Comitê de Política Monetária do BC] entende que uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado hoje deve se mostrar adequada em sua próxima reunião", afirma o texto.

Antes da delação da JBS, que atingiu o presidente Michel Temer, o próprio BC citava a possibilidade de um corte maior que 1 ponto nos juros na reunião desta quarta. A autoridade monetária, entretanto, decidiu manter o corte da reunião anterior por causa da crise política e acenou com a possibilidade de reduzir o corte na próxima reunião.

"A manutenção, por tempo prolongado, de níveis de incerteza elevados sobre a evolução do processo de reformas e ajustes na economia pode ter impacto negativo sobre a atividade econômica", afirmou o Copom no comunicado.

A autoridade monetária destacou ainda que, apesar de o comportamento da inflação ter permanecido favorável, é necessário acompanhar os "possíveis impactos do aumento de incerteza sobre a trajetória prospectiva da inflação".

"O Comitê entende como fator de risco principal o aumento de incerteza sobre a velocidade do processo de reformas e ajustes na economia. Isso se dá tanto pela maior probabilidade de cenários que dificultem esse processo, quanto pela dificuldade de avaliação dos efeitos desses cenários sobre os determinantes da inflação", diz o comunicado.

A crise política, segundo o texto, dificulta uma queda mais rápida dos juros. "O Comitê entende que o aumento recente da incerteza associada à evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira dificulta a queda mais célere das estimativas da taxa de juros estrutural e as torna mais incertas".