Pilotos e comissários ameaçam parar na véspera de feriado contra reformas

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 24/04/2017

MARIANA CARNEIRO

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Os aeronautas -pilotos e comissários de bordo- ameaçam parar nesta sexta (28), véspera do feriado de 1º de maio, em adesão ao movimento contra as reformas trabalhista e previdenciária, organizado pelas centrais sindicais.

Segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas, assembleias com mais de 1.000 funcionários decidiram, nesta segunda (24), pelo estado de greve. Nova assembleia está marcada para a tarde de quinta (27) para decidir se vão parar mesmo.

O diretor do sindicato, Adriano Castanho, afirmou que quatro pontos da reforma trabalhista atingem em cheio os aeronautas. Eles esperam que o governo e o relator da reforma trabalhista, Rogério Marinho (PSDB-RN), se sensibilizem com o seu pleito. Eles têm reunião com Marinho nesta terça (25).

O maior incômodo é com o trecho da reforma que cria o trabalho intermitente, que legaliza os turnos de 12 horas trabalhadas por 36 de descanso. O texto prevê o fim de legislações específicas, como a da categoria dos aeronautas.

"Há voos internacionais que têm mais de 12 horas. Não houve cuidado para verificar a viabilidade de se universalizar uma norma dessas", disse Castanho.

O sindicalista também afirma que a possibilidade de demissões por justa causa na falta de certificados ou habilitações também preocupa a categoria, uma vez que pilotos passam por testes para obter novos certificados a cada seis meses. Isso poderia abrir a porta a demissões em massa por justa causa.

Os dois outros temas alvo de queixa são os que tratam do tempo de validade do negociado sobre o legislado, de dois anos, e sobre a exigência de negociação em caso de demissões numerosas.

Os aeronautas também questionam a idade minima, na reforma da Previdência. Alegam que, aos 65 anos, pilotos não podem mais fazer voos internacionais. Porém, é raro que se chegue nessa idade com 49 anos de carreira, o que a reforma original exigiria para se aposentar com 100% do salário. O governo, no entanto, já acenou para a flexibilização dessa exigência.