Sob pressão, Temer diz que reforma da Previdência será flexibilizada

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 06/04/2017

GUSTAVO URIBE

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Sob pressão de deputados e senadores, o presidente Michel Temer recuou nesta quinta-feira (6) e afirmou que o texto original da reforma previdenciária preparado pela equipe econômica sofrerá flexibilizações.

Em entrevista à rádio Bandeirantes, o peemedebista disse que autorizou o relator da proposta, Arthur Lira (PPS-BA), a fazer acordos com as bancadas federais para que seja mantida a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria.

O presidente citou pelo menos dois pontos sobre os quais tem ouvido ponderações de deputados e senadores: as novas regras que igualam as aposentadorias rural e urbana; e a alteração do acesso ao benefício pago a pessoas pobres idosas ou com deficiência, o BPC (Benefício de Prestação Continuada).

"Eu acabei de autorizar o relator a fazer os acordos necessários desde que se mantenha a idade mínima", disse. "Nós vamos flexibilizar a reforma previdenciária para atender aos reclames da população e atender aquilo que o Congresso Nacional tem estabelecido", acrescentou.

O presidente disse ainda que a proposta da terceirização sancionada por ele, com poucas salvaguardas aos trabalhadores, "não causa prejuízo nenhum" à classe trabalhadora.

Nas conversas com o presidente, os senadores peemedebistas também têm cobrado participação nas discussões do relatório da reforma previdenciária.

Temer já indicou que pretende incluí-los desde já nas discussões, uma vez que a ideia é que o relatório seja apenas chancelado pelos plenários da Câmara e do Senado.

A equipe econômica, contudo, receia que a inserção dos senadores no debate pode atrasar o cronograma de votação da proposta, fazendo com que a votação na Câmara fique apenas para o final de maio.

A ideia inicial era de que o relator apresentasse o texto na próxima quarta-feira (12), agora a expectativa é de que ele fique para o fim de abril.

Com o aceno aos senadores, a ideia do presidente é evitar modificações futuras no Senado, o que pode representar uma derrota caso sejam alterados pontos com a fixação de uma idade mínima.

Um dos maiores insatisfeitos com a proposta atual é Renan, que tem tentado convencer outros senadores sobre a necessidade de mudança no texto.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse ainda não ter montado a comissão de senadores que faria a interlocução com a Câmara para tratar do tema.