Dólar sobe mais de 1%, a R$ 3,13, com temores sobre ajuste fiscal e Trump

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 23/03/2017

EULINA OLIVEIRA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O real foi a moeda com o pior desempenho dentre as principais nesta quinta-feira (23). A moeda americana subiu 1,29%, a R$ 3,1380, na cotação comercial.

Segundo analistas, o câmbio foi influenciado por fatores internos e externos. No campo doméstico, o placar apertado do governo na votação, na Câmara dos Deputados, do projeto que regulamenta a terceirização colocou em dúvida a aprovação da reforma da Previdência e o andamento do ajuste fiscal.

"Além disso, o recuo do governo ao retirar servidores estaduais e municipais da proposta para a Previdência e a possibilidade de aumento de impostos continuaram a repercutir negativamente no mercado", diz Paulo Henrique Correa, operador de câmbio da corretora MultiMoney.

Para Ricardo Gomes da Silva, superintendente de câmbio da corretora Correparti, a Operação Carne Fraca ainda faz efeito nos negócios. "Com a perspectiva de que a balança comercial seja afetada no curto e médio prazo por causa das barreiras à carne brasileira e, com isso, diminua a oferta de dólares, muitos importadores estão comprando a moeda", afirma.

No cenário externo, as resistências que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem enfrentado no Congresso para aprovar a mudança no sistema de saúde preocupam investidores.

"A ideia é que a mudança na saúde gere uma economia aos cofres públicos americanos, o que permitiria a Trump colocar em prática a proposta de cortar impostos e elevar os gastos em infraestrutura e, com isso, acelerar o crescimento da economia", diz Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor.

"Essa incerteza leva investidores a procurarem proteção no dólar, na renda fixa americana e no ouro", acrescenta.

Pela manhã, o Banco Central rolou mais 10 mil contratos de swap cambial que vencem em abril. A operação, equivalente à venda futura de dólares, totalizou US$ 500 milhões.

No mercado de juros futuros negociados na BM&FBovespa, as taxas subiram, seguindo a alta do dólar.

O CDS (credit default swap) brasileiro de cinco anos, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, subia 0,89%, aos 241 pontos, na quarta alta consecutiva.

BOLSA

O Ibovespa passou o pregão revezando-se entre altas e baixas, para encerrar com leve ganho de 0,01%, aos 63.530,79 pontos. O giro financeiro foi de R$ 8,8 bilhões.

O índice foi pressionado pela queda da Bolsa de Nova York, por causa do adiamento da votação, na Câmara, do projeto que reforma o sistema de saúde americano.

As ações PN da Petrobras caíram 0,65% e as ON perderam 0,07%. Os papéis da Vale recuaram 1,00% (PNA) e 0,54% (ON). Entre os bancos, Itaú Unibanco PN fechou em baixa de 0,55%; Bradesco PN, +0,09%; Santander unit, +1,18%; e Banco do Brasil ON, estável.

As ações da Marfrig lideraram os ganhos do Ibovespa, com +5.23%, recuperando-se de quedas recentes devido ao impacto Operação Carne Fraca sobre os papéis de frigoríficos. Fora do índice, Minerva ON subiu 4,59%. Ambas as companhias não são alvos da operação da Polícia Federal.

Entre as ações das empresas investigadas na Carne Fraca, JBS ON caiu 1,10% e BRF ON subiu 0,84%.

Alegando queda nas vendas, a JBS suspendeu a produção de carne bovina em 33 de suas 36 unidades que mantém no país por três dias.